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Recuperação do emprego perde fôlego
Depois do recorde de criação de vagas em novembro, dezembro registra fechamento de postos acima do esperado
2009 fecha com a criação de 995 mil novas vagas, menor número desde 2003; governo fala em 2 milhões de novos postos neste ano
EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O mercado de trabalho encerrou 2009 com a criação de
995.100 vagas com carteira assinada, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do
Ministério do Trabalho.
Após um novembro com
criação recorde de vagas para o
mês, dezembro registrou queda
acentuada devido ao fechamento de vagas temporárias.
Assim, o resultado anual foi o
menor desde 2003, quando o
saldo totalizou 645.433 novos
empregos formais.
O total de admissões no ano
passado chegou a 16,187 milhões, enquanto as demissões
somaram 15,192 milhões.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que havia previsto 1
milhão de novas vagas em
2009, comemorou o resultado:
"Apesar da crise, geramos quase 1 milhão de empregos, eu errei por apenas 5.000, que estatisticamente é praticamente
zero percentual", argumentou.
Mesmo assim, afirmou ele, o
Brasil obteve o melhor resultado dentre os países do G20,
grupo que reúne as principais
economias do mundo.
Lupi citou os saldos negativos registrados na Europa e nos
Estados Unidos e ponderou
que os dados positivos na Índia
e na China não podem ser comparados com a realidade brasileira pela ausência de rigor nas
legislações trabalhistas.
Para Anselmo Luis dos Santos, professor do Centro de Estudos Sindicais da Unicamp, a
geração de quase 1 milhão de
empregos formais em um ano
no qual o PIB deve ficar estagnado é um resultado importante. "Apesar da crise, foi possível
continuar a trajetória de redução do peso dos trabalhadores
informais e dos autônomos de
baixa renda na estrutura ocupacional do Brasil", avaliou.
No ano, o único setor da economia que registrou saldo negativo foi a agricultura, com o
fechamento de 15.369 vagas,
em decorrência da retração do
comércio global, que dificultou
as exportações brasileiras.
Já o setor de serviços, que foi
o menos afetado pela turbulência financeira, foi responsável
pela abertura de 500.177 postos, mais da metade dos novos
empregos criados no país.
Apesar do grande volume de
demissões no início do ano, a
indústria conseguiu encerrar
2009 com saldo positivo de
10.865 vagas, sobretudo na fabricação de produtos alimentícios, voltada para a demanda
doméstica, que vem sustentando a atividade econômica.
Demissões em dezembro
Ainda assim, no último mês
do ano passado, o resultado foi
negativo em 415.192 empregos
formais. Fatores sazonais como
a entressafra agrícola, o término do período escolar e a demissão de temporários no fim
do ano geralmente geram saldos negativos em dezembro.
Mas só no fim de 2008, no auge da crise global, houve maior
fechamento de vagas para o último mês do ano.
Segundo Lupi, a forte rotatividade no mercado de trabalho
e o aumento das contratações
temporárias para suprir a demanda aquecida no segundo
semestre foram as maiores
causas para a piora do saldo em
dezembro. "Eu esperava um
saldo melhor, mas dezembro
superou a média negativa, porque durante os quatro meses
anteriores houve crescimento
nos postos temporários", disse.
No entanto, como foram registradas 1,068 milhão de contratações em dezembro, recorde para o mês, a estimativa do
ministro é de uma reação mais
forte em 2010.
"Em janeiro já vamos enxergar um resultado expressivo,
inclusive na comparação com o
mesmo mês do ano passado,
que ainda foi negativo. Vamos
criar 2 milhões de novos empregos neste ano", projetou.
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