São Paulo, quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

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Investimento no mercado supera setor produtivo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os investimentos estrangeiros no mercado financeiro continuam superando o fluxo de recursos para o setor produtivo. Nos 20 primeiros dias de janeiro, entraram no país quase US$ 2 bilhões nesse segmento, enquanto os investimentos diretos nas empresas ficaram em US$ 280 milhões.
Esse comportamento ainda reflete o que aconteceu em 2009, quando o Brasil registrou queda de 42% nos investimentos diretos, o pior resultado entre as principais economias do mundo, de acordo com relatório da Unctad (braço das Nações Unidas para comércio e desenvolvimento).
O dado apresentado no começo dessa semana pela organização falava em uma queda de 49,5%, pois não considerava o número de dezembro, divulgado apenas ontem pelo BC. No total, os investimentos em 2009 somaram US$ 26 bilhões.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, o país só registrou essa queda em 2009 porque teve um bom desempenho no ano anterior, ao contrário de outros países.
"Enquanto nós tivemos recorde de investimento direto e um crescimento de 30% em 2008, o mundo estava observando queda. Você tem uma base mais elevada, então é razoável, para o tamanho da crise, que caísse mais", afirmou.
Naquele ano, entraram no país US$ 45 bilhões, mesmo valor previsto pelo Banco Central para 2010. Já o mercado financeiro espera um resultado de US$ 37 bilhões, inferior ao deficit de US$ 40 bilhões previsto para as transações do Brasil com o exterior.
Em 2009, o fluxo de dinheiro para investimentos em papéis chegou ao valor recorde de US$ 47 bilhões. Cerca de 80% dos recursos foram para a Bolsa. O restante, para títulos públicos.
De acordo com o BC, os países mais afetados pela crise foram os que mais reduziram seus investimentos diretos. Assim como aconteceu nas remessas de lucros, os Países Baixos foram a principal fonte de investimentos diretos no Brasil. Dobraram sua participação, que chegou a 20%, e ultrapassaram EUA e Luxemburgo, primeiro e segundo colocados em 2008. Os norte-americanos investiram 30% a menos e ficaram em segundo lugar.
A Espanha, apesar da queda de 11% no investimento, ficou na terceira colocação. Entre as principais economias, a maior queda percentual foi a do Japão (60%). Entre os setores, houve avanço na indústria de veículos e para exploração de petróleo e gás. Serviços financeiros e extração de minerais registraram queda. (EDUARDO CUCOLO)


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