São Paulo, sábado, 21 de fevereiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Com cenário incerto, cresce busca por avaliação de risco

O cenário da mais absoluta incerteza neste início de ano multiplicou a demanda por avaliações na agência classificadora de risco Austin Rating. Segundo Alex Agostini, economista-chefe da consultoria, o faturamento em janeiro e fevereiro cresceu 76%, quando comparado ao mesmo período do ano passado.
A agência tem sido mais procurada para fazer reavaliações de risco em setores e empresas, após a mudança nos valores dos ativos provocada pela crise. "Neste momento de incerteza, muitas empresas e investidores querem se cercar de informações sobre os riscos envolvidos em suas operações ou setores de investimentos", diz Agostini.
Segundo o economista, há três perfis de clientes interessados nas análises neste momento. Um deles é o das empresas que buscam avaliar seus parceiros, clientes e fornecedores, para obter maior segurança nos negócios. "Por exemplo, uma empresa de crédito quer saber qual a perspectiva, neste cenário de crise, para 11 setores da economia nos quais ela oferece recursos", explica Agostini. "Em outras palavras, ela quer medir quais os níveis de exposição possíveis."
Outro perfil é o de gestores de recursos, que buscam oportunidades de negócios. Por último, estão empresas que querem avaliar companhias do mesmo setor, com o objetivo de propor parcerias às que estiverem com melhores perspectivas econômicas.
Entre os setores mais visados para análises, Agostini destaca o de construção civil. "Essa área tem grande potencial de crescimento, principalmente no segmento de construção pesada", diz.
Além das avaliações de risco, a Austin também registrou procura maior por análise de operações estruturadas, como o uso de recebíveis. Segundo Agostini, as operações são usadas como alternativas à captação de crédito no sistema financeiro. "Como o crédito ficou restrito e caro, as empresas estão estudando outras opções para garantir o caixa."

"Neste momento de incerteza, muitas empresas e investidores querem se cercar de informações sobre os riscos envolvidos em suas operações ou setores de investimentos"
ALEX AGOSTINI
economista-chefe da Austin Rating

Britânicos optam pelos jornais de qualidade na crise

Os jornais britânicos de qualidade acabaram, de alguma forma, beneficiados pela crise econômica. Os leitores do Reino Unido passaram a optar pelos títulos mais sérios em vez dos tabloides na hora de se informar sobre a economia global.
As vendas do "Guardian" cresceram 16% no segundo semestre do ano passado (quando a crise se agravou) em relação ao mesmo período de 2007. Na mesma comparação, o "Times" teve aumento de 10%, segundo a Pesquisa Nacional de Leitura. Já as vendas do diário econômico "Financial Times" cresceram 16% ante 2007 -a maior parte do aumento ocorreu nos últimos três meses de 2008.
Na contramão, os tabloides "Daily Mail" e "The Sun" tiveram queda nas vendas de 11% e 8%, respectivamente, na comparação com o segundo semestre de 2007. As do também sensacionalista "Daily Mirror" recuaram 6%.
Já o "Daily Telegraph" e o "Independent" foram exceções entre os títulos de qualidade. O número de leitores do primeiro caiu 15%; o do segundo, 4%.



NA PLANTA

Os lançamentos imobiliários mais sofisticados e elaborados desapareceram com a crise e serão substituídos por modelos mais simples. Segundo Wilson Marchi, do Wilson Marchi EGC Arquitetura, especializado no mercado imobiliário, as incorporadoras começam a comprar terrenos menores. "Estão em busca dos pequenos e isso é associado ao risco econômico. Nos menores, a obra ganha agilidade." Outra mudança vista por Marchi no mercado de terrenos é a barganha. "Quando estava aquecido, os proprietários de terreno foram mal acostumados. Pagava-se muito. O patamar caiu. Agora voltaram a acontecer permutas. Esses proprietários terão de aceitar ter participação nos empreendimentos."

FOLIA

Neste Carnaval, a prática de "cross", que promove cruzamento entre marcas nos eventos, foi mais procurada, segundo Tatianna Oliva, diretora da Cross Networking, que viabilizou parcerias no Camarote da Brahma e no Bloco Skol. A empresa aliou Kibon, Volkswagen, Havaianas e L'Óreal. "Reduz os custos. A estratégia é evidenciar a marca da empresa que já ia prestar de qualquer forma um serviço no evento."

TESOURA
Cerca de cem executivos e funcionários da área de investimentos do Itaú BBA foram demitidos. Segundo a instituição, os desligamentos são consequência da retração do mercado de bancos de investimentos provocada pela crise. "As instituições financeiras que atuam nesse setor já têm procurado se adequar a essa nova realidade", informou.

UNIVERSITÁRIO
O Banco do Brasil está investindo em comunicação e em novos produtos para atender ao público universitário. A instituição criou uma campanha publicitária específica para esses clientes e reformulou o site universitário do banco. Serviços voltados para a orientação dos estudantes na gestão de recursos pessoais também foram disponibilizados.

COMPLEXO
Com o capital mais escasso e caro, a britânica Icap, uma das maiores corretoras do mundo, que abriu suas portas no Brasil em novembro, espera redução de demanda por produtos mais complexos. Crê também em maior venda de produtos financeiros de alta liquidez.

VERDE
O município de Juruti, no oeste do Pará, vai receber, pela primeira vez, um curso de capacitação de agentes de sustentabilidade para desenvolver ações na região. A escola tem apoio técnico do Instituto Peabiru e recursos da Alcoa Foundation e da Instituto Alcoa.


com CRISTIANE BARBIERI (interina), JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e MÔNICA BERGAMO


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