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Receita diminui, despesa sobe e aperto fiscal cai 72%
Superávit do governo recua em janeiro para o equivalente a 1,75% do PIB
Gastos federais aumentam 23,5%; Tesouro diz que meta
de economia para pagar juros
de 3,8% do PIB para todo o
setor público está mantida
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com arrecadação em queda e
as despesas em alta, o superávit
primário do governo central
(Tesouro, Previdência e Banco
Central) despencou em janeiro.
Grosso modo, esse dinheiro é
usado para pagar juros e abater
a dívida pública.
No mês passado, o governo
economizou R$ 4,2 bilhões depois de pagar as despesas correntes e realizar investimentos,
uma queda de 72% em comparação ao resultado de janeiro de
2008. Com isso, o superávit primário foi de 1,75% do PIB. Em
janeiro do ano passado, o superávit foi de R$ 15,3 bilhões
(equivalente a 6,75% do PIB).
No mês passado, os gastos
públicos federais aumentaram
23,5%, para R$ 48,1 bilhões, em
comparação com janeiro de
2008.
No mesmo período, a receita
líquida caiu 3,6%, para R$ 52,3
bilhões. A receita líquida tem o
desconto de restituições e de
incentivos fiscais. O valor é o
que o governo tem, de fato, em
caixa para gastar e fazer investimentos.
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, atribuiu
a piora das contas públicas neste início de ano ao pagamento
de ações judiciais, no valor de
R$ 8,3 bilhões. Mas, em janeiro
do ano passado, o desembolso
fruto de perdas na Justiça foi de
R$ 5,8 bilhões.
As ações judiciais, portanto,
só explicam R$ 2,5 bilhões de
um crescimento total dos gastos de R$ 9,1 bilhões.
As despesas com servidores
públicos, depois de descontado
o efeito das sentenças judiciais,
subiram 17% em relação a janeiro do ano passado, somando
R$ 12,695 bilhões. Também
houve aumento dos gastos tanto nas despesas correntes
quanto dos investimentos.
Augustin afirmou que a queda de arrecadação e o aumento
de despesas não são uma tendência para este ano. "Não
acreditamos em nenhuma explosão dos gastos de custeio e
de pessoal. Em relação à receita, quando terminarem as desonerações do ano, a arrecadação volta [a crescer]", afirmou.
Ele acrescentou que a meta de
realizar superávit primário de
3,8% do PIB para todo o setor
público está mantida.
Mundo azul
Especialista em contas públicas e professor da Unicamp,
Francisco Lopreato não está
tão otimista. Ele avalia que a
tendência de arrecadação do
ano vai depender do desempenho da economia, o que ainda
não é possível mensurar.
"É difícil saber qual é o fundo
do poço. Acredito que a economia vá se desacelerar e pode haver recessão no Brasil. Aquele
mundo azul com a arrecadação
em alta vai deixar de existir."
Diferentemente da arrecadação, que reage de acordo com o
desempenho do PIB, disse ele,
o governo tem pouca flexibilidade para cortar gastos. Com a
crise, acredita, vão aumentar
ainda as despesas com benefícios sociais, como o seguro-desemprego, e desonerações fiscais para estimular a economia.
Os investimentos públicos
federais tiveram aumento de
18% em janeiro, para R$ 1,5 bilhão. Já as obras prioritárias
na área de infraestrutura (PPI)
subiram 24%, para R$ 285 milhões.
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