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Indústria concentra queda na receita de tributos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A indústria é o setor econômico no qual se concentrou a
maior queda na arrecadação
em janeiro. Das 10 áreas que
mais tiveram retração de receita, 8 são na indústria -juntas,
perderam R$ 3,190 bilhões.
No geral, a arrecadação teve
uma queda de 7,26% em janeiro em relação a igual período de
2008, já descontada a inflação,
passando de R$ 66,251 bilhões
para R$ 61,442 bilhões no mês
passado. Ou seja, a queda foi de
R$ 4,8 bilhões -pouco acima
dos R$ 4,4 bilhões publicados
ontem pela Folha.
Essa foi a quarta vez desde
1996 e a segunda no governo
Lula em que a arrecadação de
um mês de janeiro mostra queda em relação ao ano imediatamente anterior. Em fevereiro,
segundo a Receita, não há "sinal vermelho de queda".
A redução mais acentuada na
indústria foi registrada na metalurgia (-55,36%), seguida da
extração de minerais metálicos
(-44,64%). A produção de veículos está em terceiro lugar
(-40,92%). "O setor industrial
foi nitidamente o mais afetado
pela crise no mês passado. Mas
ainda não dá para avaliar o
comportamento do ano. Em janeiro, vivemos um ciclo dentro
da crise: alguns setores reagiram e tiveram bons resultados
na arrecadação, enquanto em
outros houve queda. Não dá para embarcar na especulação de
que "vamos despencar'", disse
Marcelo Lettieri, coordenador-geral de Estudos, Previsão e
Análise da Receita Federal.
Uma outra medida indireta
da queda na produção industrial foi o IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) . A
perda em janeiro foi de R$ 687
milhões, dos quais apenas R$
150 milhões são explicados por
desonerações. O restante, pela
redução na produção.
Os tributos em que houve
maior queda na arrecadação de
janeiro foram o IR (Imposto de
Renda) e a CSLL (Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido).
Lettieri disse que a perda de R$
3,077 bilhões -17,48% a menos que janeiro de 2008- é resultado da decisão das empresas de ficar com dinheiro em
caixa. No ano passado, o setor
financeiro, principalmente, antecipou pagamentos que eram
devidos em março. Esse movimento não se repetiu este ano.
A Cofins e o PIS/Pasep, contribuições que financiam a seguridade social, são cobradas
sobre o faturamento das empresas e, portanto, podem funcionar como um bom indicador
da atividade econômica. Em janeiro, a retração no recolhimento desses tributos foi de
R$ 1,874 bilhão, totalizando
R$ 11,616 bilhões.
Mas a Receita argumenta
que o resultado reflete principalmente uma compensação
de R$ 811 milhões feita pela Petrobras por impostos pagos a
mais e outros R$ 500 milhões
por desonerações feitas e postergações no pagamento de tributos. A estatal também deixou de pagar R$ 350 milhões
da Cide, contribuição sobre
combustíveis. A empresa foi citada nominalmente por Lettieri -um comportamento atípico, já que a instituição sempre
alega sigilo fiscal para não individualizar contribuintes.
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