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Racionamento de combustível ainda é hipótese
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A guerra contra o Iraque colocou o Ministério de Minas e Energia em "alerta" por causa do abastecimento do petróleo. Um grupo
permanente de acompanhamento foi criado para analisar dia-a-dia a situação, discutir cenários e
eventuais soluções. Participam
integrantes do próprio ministério
e da Petrobras.
É o que afirma o secretário-executivo do ministério, Maurício
Tolmasquim. Em entrevista à Folha, ele disse que o ministério traça vários cenários para a guerra.
No pior deles, não descarta a hipótese de racionar o uso de combustíveis pela população.
Segundo Tolmasquim, porém,
o racionamento é hoje "a hipótese
menos provável" e só seria adotado se a guerra "saísse totalmente
de controle", comprometendo
muito a oferta mundial de petróleo e derivados.
Apesar do monitoramento, Tolmasquim afirmou que "estamos
tranquilos" em relação às consequências da guerra. "O Brasil hoje
tem uma situação confortável",
disse, citando o fato de o país produzir 90% do óleo que consome.
Tolmasquim não detalhou que
quadros de guerra o governo está
analisando. Disse, porém, que no
panorama que se apresenta (a
maioria dos especialistas espera
uma guerra rápida) não ocorrerão "maiores problemas".
No visão de Tolmasquim, o racionamento é uma medida extrema e que dificilmente terá de ser
usada, justamente por causa da
pequena dependência externa.
Ele afirmou que o país está preparado: tem estoques -só não
informou de quanto- e diversificou seus fornecedores para ficar
menos dependente das importações do Oriente Médio.
Especialistas ouvidos pela Folha
também não acreditam em dificuldades de abastecimento, a menos que haja uma guerra espalhada por todo Oriente Médio, que
feche os canais de escoamento de
óleo e derivados da região.
Para Guiseppe Bacoccoli, da
Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia), da UFRJ, "tem de haver
um colapso" na produção de todo
Oriente Médio para ser necessário
um racionamento de combustíveis no Brasil.
O ex-diretor-geral da ANP
(Agência Nacional do Petróleo),
David Zylbersztajn, não acredita
em problemas de fornecimento e
descarta a possibilidade de racionamento. Cita o fato de o país ter
várias fontes de suprimento fora
daquela região.
Ele afirma, porém, que o governo poderia aproveitar a comoção
criada pela guerra para lançar
uma campanha de uso racional de
combustíveis e um programa para trocar o diesel pelo gás natural
nos ônibus urbanos.
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