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ORÁCULO DE WASHINGTON
Presidente do Fed diz que deflação não é mais risco e que bancos estão preparados para taxa mais elevada
Greenspan sinaliza alta do juro, e Bolsas caem
DA REDAÇÃO
O presidente do Federal Reserve (banco central dos EUA), Alan
Greenspan, começa a preparar os
mercados financeiros para uma
alta na taxa de juros.
Em depoimento ontem ao Senado americano, Greenspan disse
que a deflação já não é mais um
risco para a economia norte-americana. Afirmou ainda que os
bancos do país estão preparados
para um cenário de juros mais
elevados.
As declarações, ainda que não
explícitas, indicam que a fase de
baixas taxas de juros está chegando ao fim. As Bolsas norte-americanas reagiram mal, com fortes
perdas, enquanto os juros futuros
encerraram o dia em alta. O índice
Dow Jones teve uma queda de
1,18%, e a Nasdaq caiu 2,07%.
As perspectivas de juros mais
elevados tornam menos atrativos
os investimentos de maior risco,
como as ações.
Os mercados operaram estáveis
durante quase todo o dia, à espera
do pronunciamento de Greenspan. As Bolsas só começaram a
cair por volta das 14h30 (horário
de Washington), quando o presidente do Fed começou a falar.
"Parece que o poder de fixação
dos preços está sendo restabelecido gradualmente, e, como indicarei amanhã [hoje], as ameaças de
deflação, que eram uma preocupação significativa no ano passado, já não nos incomodam mais",
disse Greenspan.
Em outras palavras, o presidente do Fed afirmou que as empresas começam a ter espaço para
ampliar margens e aumentar os
preços. Na semana passada, o índice de inflação ao consumidor
relativo de março veio acima do
esperado.
Quando derrubou a taxa básica
para 1% ao ano, em junho do ano
passado, o Fed havia se justificado
citando justamente o risco de
uma "indesejada queda nos preços". Tal ameaça parece não estar
mais no horizonte da instituição.
À luz dos recentes indicadores
de atividade econômica e inflação, os investidores interpretaram as declarações de ontem como uma clara mensagem de que o
esperado aumento nos juros do
país ocorrerá antes do previsto. Se
boa parte dos bancos esperava
uma alta apenas no ano que vem,
hoje a maioria acredita em elevação já em agosto.
Mas o próprio Greenspan tratou de relativizar seus comentários, ao dizer que as empresas ainda dispõem de bastante capacidade ociosa para queimar. Para o
presidente do Fed, isso, assim como o aumento na produtividade,
ajuda a conter a inflação.
No mês passado, a utilização da
capacidade instalada nos EUA ficou em 76,5%. De acordo com
um relatório do banco Merrill
Lynch, nos últimos 15 anos, o Fed
nunca aumentou as taxas de juros
quando a capacidade ociosa era
superior a 20%, como hoje.
Durante o seu depoimento preparado antecipadamente, que foi
apresentado em sessão da Comitê
de Finanças do Senado americano, Greenspan tratou exclusivamente do setor bancário. Ainda
assim, deu um recado implícito
sobre juros, ao dizer que os bancos estão administrando melhor
os ricos e estão preparados para
taxas mais elevadas.
Os comentários mais diretos sobre inflação ocorreram após a
apresentação inicial, quando os
senadores puderam fazer perguntas ao presidente do Fed. Indicações mais claras deverão ser apresentadas hoje, quando Greenspan
falará exclusivamente sobre economia, em uma sessão conjunta
do Congresso americano.
Com agências internacionais
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