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COMÉRCIO MUNDIAL
Oferta é informal
Europa abre "sensíveis" agrícolas ao Mercosul
DO COLUNISTA DA FOLHA, EM BRUXELAS
A União Européia colocou na
mesa de negociação com o Mercosul até os produtos agrícolas
que até agora eram considerados
"sensíveis" e, portanto, ficariam
protegidos indefinidamente,
mesmo que os dois blocos chegassem a um acordo para liberalizar seu comércio.
Trata-se dos produtos que compõem a lista E, no jargão das negociações comerciais. São 958 linhas tarifárias que, grosso modo,
correspondem a produtos.
A oferta ao Mercosul, feita informalmente durante o fim de semana em Buenos Aires, prevê três
tipos de concessões nesse âmbito
de produtos "sensíveis": parte deles passa para a lista D, ou seja,
aquela que prevê a eliminação das
tarifas de importação em até dez
anos; parte terá redução parcial
das tarifas de importação; e parte
ganhará cotas.
Ou seja, o Mercosul poderá, por
exemplo, exportar uma certa
quantidade de carne com tarifa
baixa ou zero. Acima da cota, a tarifa é bem mais elevada.
A oferta européia parece ser de
fato "significativa", tal como seus
negociadores vinham anunciando nos últimos meses. Foi recebida com mal disfarçado entusiasmo pelos negociadores do bloco
do Sul. "Eles puseram na mesa tudo o que mais nos interessa", diz,
por exemplo, Regis Arslanian, negociador brasileiro.
Um pouco mais contido, reforça Martín Redrado, vice-chanceler argentino e o principal negociador do Mercosul neste semestre em que a Argentina ocupa a
presidência do bloco: "Estamos
no bom caminho para uma negociação que deve terminar dentro
de seis meses".
É uma alusão ao fato de que os
dois lados reafirmaram, em Buenos Aires, a disposição de fechar
os entendimentos até outubro
deste ano. Aliás, foram até mais
otimistas: "Foi ressaltado que a
negociação pode terminar até antes", diz Arslanian.
Do lado europeu, o entusiasmo
é menor. A Folha ouviu, na Comissão Européia, o braço executivo do conglomerado de 15 países
europeus (serão 25 a partir do dia
1º), que há um "interesse estratégico" no acordo com o Mercosul.
"Temos o maior interesse em
fincar nossa bandeira nesse grupo
que, por enquanto, é o maior do
planeta", ouviu a Folha. É uma
alusão ao fato de que uma associação Mercosul/União Européia
criaria a maior área de livre comércio do planeta, um formidável
conglomerado de 675 milhões de
habitantes (455 milhões na Europa e 220 milhões no Mercosul).
Mas, sempre segundo a versão
européia, a chave para haver progressos efetivos na negociação está em melhores ofertas do Mercosul nas áreas de serviços, compras
governamentais e investimentos.
Depois das conversações informais de Buenos Aires, os dois lados vão examinar mais detidamente o impacto das propostas
apresentadas, para discuti-las de
maneira talvez definitiva na reunião do CNB (Comitê de Negociações Birregionais), marcada para
a partir de 3 de maio em Bruxelas.
Mas qualquer acerto de fato definitivo deverá aguardar uma reunião de cúpula entre o Mercosul e
a UE, dentro da cúpula mais ampla (UE-América Latina/Caribe),
marcada para 28 de maio, em
Guadalajara, no México.
(CR)
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