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VAREJO
Puxada pelos juros menores, alta em fevereiro foi de 5,11% comparada com 2003, mas resultado em 12 meses ainda é negativo
Vendas no comércio crescem pelo 3º mês
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Embaladas pelos juros mais baixos, as vendas do comércio varejista cresceram em fevereiro pelo
terceiro mês consecutivo. Em volume, a alta foi de 5,11% na comparação com o mesmo mês de
2003, segundo o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Em janeiro, a expansão havia
sido de 5,98%.
Apesar dos resultados positivos
dos últimos três meses, eles ainda
não foram suficientes para recuperar as perdas que o setor amargou em 2003. Nos últimos 12 meses, as vendas do comércio registram retração de 2,41%.
De acordo com o IBGE, juros
menores, aumento da oferta de
crédito, inflação mais baixa e desaceleração do ritmo de queda do
rendimento do trabalhador explicam a melhora do varejo.
Sob efeito do crédito mais fácil e
da redução dos juros dos financiamentos, a expansão do comércio é liderada pelo setor de móveis
e eletrodomésticos. As vendas do
segmento subiram 16,35% em fevereiro. Em janeiro, a alta havia sido ainda maior: 18,93%.
O IBGE ressaltou que parte do
crescimento do comércio é resultado de uma base de comparação
fraca. Na virada de 2002 para
2003, o setor vivia "o fundo do poço", diz Nilo Lopes de Macedo,
economista do IBGE. "Mas, mesmo com a base deprimida, o comércio teria crescido", afirmou.
Para o economista, o resultado
de fevereiro é ainda mais expressivo porque no ano passado o
Carnaval caiu em março, o que fez
aumentar os dias úteis de fevereiro. "Neste ano, mesmo com menos dias, o varejo vendeu mais."
Até o ramo de super e hipermercados, alimentos, bebidas e
fumo, que demorou mais a reagir,
teve bom desempenho. O crescimento foi de 4,98% em fevereiro.
Por causa dos preços menores
em decorrência da queda do álcool, o ramo de combustíveis vendeu 6,19% a mais do que no mesmo mês de 2003. Houve retração
no ramo de tecidos, vestuário e
calçados: 5,97%.
Os preços praticados pelo varejo subiram em ritmo mais acelerado do que o volume comercializado, segundo o IBGE. Como resultado, a receita nominal de vendas do comércio cresceu 7,71%
em fevereiro na comparação com
o mesmo mês de 2003.
Para o economista Carlos Thadeu de Freitas, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), a
base de comparação "maquia" o
desempenho do setor. No indicador dessazonalizado (exclui efeitos típicos de cada período e não é
calculado pelo IBGE), o crescimento em fevereiro foi bem menor: 0,8% ante janeiro.
De acordo com Freitas, a "base é
tão fraca" que, sozinha, já assegura um aumento de 12% em março, mesmo que o comércio não
amplie as vendas.
Segundo Freitas, houve uma
melhora do comércio, mas o crescimento ocorre num ritmo mais
lento do que o verificado no início
da recuperação. O motivo, disse,
foi a decisão do Banco Central de
interromper no começo do ano a
redução da taxa Selic, o que mexeu com as expectativas de empresários e consumidores. Antes
da retomada iniciada em dezembro, o comércio havia tido resultados negativos por 12 meses.
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