São Paulo, sexta-feira, 21 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONTAS EXTERNAS

Dólar barato estimula multinacionais a enviar recursos para as matrizes, e saídas chegam a US$ 3,6 bi

Remessa de lucro bate recorde no 1º trimestre

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A remessa de lucros e dividendos para o exterior se manteve em níveis recordes neste começo de ano, segundo o Banco Central. Entre janeiro e março, multinacionais instaladas no Brasil enviaram US$ 3,608 bilhões para suas matrizes, o maior resultado já registrado nos primeiros três meses de um ano desde 1969.
Só no mês passado, as remessas somaram US$ 1,238 bilhão, quase o dobro dos US$ 661 milhões apurados em março de 2005. Um dos motivos para esse comportamento é a recente queda do dólar: com o recuo na cotação, uma mesma quantidade de reais consegue comprar um volume maior da moeda americana. Por isso, muitas empresas optam por antecipar suas remessas para aproveitar o momento favorável do câmbio.
As estatísticas do BC mostram que, neste momento de valorização do real, vários itens das contas externas já apresentam resultados negativos. É o caso, por exemplo, da balança de serviços -conta que inclui gastos com frete de mercadorias negociadas com outros países, aluguel de equipamentos estrangeiros, gastos com viagens internacionais.
As despesas de turistas brasileiros no exterior são outro exemplo de item das contas externas afetado pelo câmbio. Com a alta do real, esses gastos foram de US$ 1,246 bilhão no primeiro trimestre, um crescimento de 44% em relação a igual período de 2005.
O impacto disso nas contas externas só não foi maior porque também houve um crescimento nas despesas feitas por turistas estrangeiros em visita ao Brasil.

Exportações
Entre janeiro e março deste ano, a balança de serviços apresentou um saldo negativo de US$ 1,572 bilhão, aumento de 34% ante o primeiro trimestre do ano passado. O déficit da balança de rendas -que inclui gastos com juros da dívida externa e remessas de lucros- ficou em US$ 6,922 bilhões, US$ 1,612 bilhão a mais que nos primeiros três meses de 2005.
Apesar de tudo isso, o desempenho da balança comercial continua assegurando o saldo positivo das contas externas. No mês passado, as exportações superaram as importações em US$ 3,680 bilhões e, graças a isso, o superávit em transações correntes -que inclui as balanças comercial, de rendas e de serviços, além das transferências unilaterais- foi de US$ 1,353 bilhão.
"Ficou um pouco abaixo do esperado em razão das remessas de lucros e dividendos", afirma Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC .
Lopes diz, no entanto, que o envio de lucros para o exterior deve perder força nos próximos meses. A estimativa do BC é que essas remessas somem US$ 13 bilhões ao longo de 2006, praticamente o mesmo valor registrado em 2005.
Confirmada essa expectativa, as transações correntes encerrariam o ano com um saldo positivo de US$ 8,5 bilhões.


Texto Anterior: Expansão reduz miséria em 10%
Próximo Texto: Isenção de IR eleva entrada de dólares no país
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.