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CONTAS EXTERNAS
Dólar barato estimula multinacionais a enviar recursos para as matrizes, e saídas chegam a US$ 3,6 bi
Remessa de lucro bate recorde no 1º trimestre
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A remessa de lucros e dividendos para o exterior se manteve em
níveis recordes neste começo de
ano, segundo o Banco Central.
Entre janeiro e março, multinacionais instaladas no Brasil enviaram US$ 3,608 bilhões para suas
matrizes, o maior resultado já registrado nos primeiros três meses
de um ano desde 1969.
Só no mês passado, as remessas
somaram US$ 1,238 bilhão, quase
o dobro dos US$ 661 milhões apurados em março de 2005. Um dos
motivos para esse comportamento é a recente queda do dólar: com
o recuo na cotação, uma mesma
quantidade de reais consegue
comprar um volume maior da
moeda americana. Por isso, muitas empresas optam por antecipar
suas remessas para aproveitar o
momento favorável do câmbio.
As estatísticas do BC mostram
que, neste momento de valorização do real, vários itens das contas
externas já apresentam resultados
negativos. É o caso, por exemplo,
da balança de serviços -conta
que inclui gastos com frete de
mercadorias negociadas com outros países, aluguel de equipamentos estrangeiros, gastos com
viagens internacionais.
As despesas de turistas brasileiros no exterior são outro exemplo
de item das contas externas afetado pelo câmbio. Com a alta do
real, esses gastos foram de US$
1,246 bilhão no primeiro trimestre, um crescimento de 44% em
relação a igual período de 2005.
O impacto disso nas contas externas só não foi maior porque
também houve um crescimento
nas despesas feitas por turistas estrangeiros em visita ao Brasil.
Exportações
Entre janeiro e março deste ano,
a balança de serviços apresentou
um saldo negativo de US$ 1,572
bilhão, aumento de 34% ante o
primeiro trimestre do ano passado. O déficit da balança de rendas
-que inclui gastos com juros da
dívida externa e remessas de lucros- ficou em US$ 6,922 bilhões, US$ 1,612 bilhão a mais que
nos primeiros três meses de 2005.
Apesar de tudo isso, o desempenho da balança comercial continua assegurando o saldo positivo
das contas externas. No mês passado, as exportações superaram
as importações em US$ 3,680 bilhões e, graças a isso, o superávit
em transações correntes -que
inclui as balanças comercial, de
rendas e de serviços, além das
transferências unilaterais- foi de
US$ 1,353 bilhão.
"Ficou um pouco abaixo do esperado em razão das remessas de
lucros e dividendos", afirma Altamir Lopes, chefe do Departamento Econômico do BC .
Lopes diz, no entanto, que o envio de lucros para o exterior deve
perder força nos próximos meses.
A estimativa do BC é que essas remessas somem US$ 13 bilhões ao
longo de 2006, praticamente o
mesmo valor registrado em 2005.
Confirmada essa expectativa, as
transações correntes encerrariam
o ano com um saldo positivo de
US$ 8,5 bilhões.
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