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Empresas veem perda em ano de 40 feriados
Firjan estima em até R$ 156 bi o quanto o país deixa de produzir; valor é menor porque alta do turismo compensa em parte a retração
Neste ano serão 11 feriados nacionais e 29 estaduais em dias úteis; projeto parado na Câmara propõe antecipar feriado para segunda-feira
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Elias de Jesus Gomes, 51, sapateiro há 39 anos, engraxou só
dois pares de sapatos ontem no
centro do Rio de Janeiro, onde
conserta e lustra sapatos há dez
anos. Nos dias de movimento
normal, ele atende de 10 a 20
clientes. Os taxistas também
reclamam da falta de movimento. Com o ponto facultativo de ontem, o dia de Tiradentes hoje e o feriado estadual na
quinta, dia de São Jorge, empresas, universidades e repartições públicas no Rio podem ter
um "feriadão de uma semana".
No país, neste ano serão 11
feriados nacionais em dias
úteis, 29 datas comemorativas
estaduais em dias da semana e
um sem número de pontos facultativos. Por causa dos dias
parados, o país pode deixar de
produzir cerca de R$ 156 bilhões, segundo estimativa da
Firjan (Federação das Indústrias do Estado do RJ).
O cálculo leva em conta a riqueza produzida em um dia no
Brasil e supõe que as perdas
atinjam, no máximo, esse teto.
Embora o limite não seja alcançado porque as atividades relacionadas ao lazer e ao turismo
se mantêm nos feriados, ainda
assim as empresas estimam
prejuízo significativo.
"O turismo não compensa a
perda porque fica restrito à zona sul. Embora tenhamos acordo com o sindicato dos trabalhadores para abrir nos feriados, no centro as lojas e restaurantes fecham as portas. Com
as ruas desertas e o risco de segurança, não vale a pena abrir",
diz Aldo Gonçalves, diretor da
Associação Comercial do Rio.
Em São Paulo, a associação
comercial também prevê perdas. Segundo a entidade, a receita do varejo em abril pode se
aproximar da de fevereiro, mês
de baixo movimento em razão
do Carnaval e do número menor de dias úteis. Mesmo indústrias que não param por
causa do alto custo de religar as
máquinas ou do desgaste nos
equipamentos reclamam.
Lucien Belmonte, presidente
da Associação Brasileira das
Indústrias Automáticas de Vidro, afirma que, embora a produção não pare, as vendas diminuem com feriados e dias
enforcados. "O maior problema que uma indústria pode ter
é produção sem vendas. E em
ano de crise já temos que nadar
o dobro contra a correnteza."
Apesar da dificuldade com a
crise, Luciana de Sá, diretora
de Desenvolvimento Econômico da Firjan, avalia que os dias
parados não devem atrasar a
recuperação da economia. "Esse é um processo pautado em
elementos mais amplos, como
redução de juros."
Projeto de lei
Desde abril de 2007, existe
um projeto de lei em tramitação na Câmara que sugere que
os feriados em dias da semana
sejam antecipados para a segunda-feira para que a comemoração não reduza o ritmo da
economia durante a semana.
Segundo a proposta, que há
dois anos espera análise da Comissão de Educação e Cultura
da Casa, Natal, Ano Novo, Sexta-feira Santa, Corpus Christi e
Independência do Brasil não
seriam antecipados.
Em 2000, projeto similar foi
apresentado, mas foi arquivado
em 2003. A antecipação de feriados já vigorou no país. Em
1985, foi instituída lei que previa a transferência de datas,
mas foi revogada em 1990. No
Rio, há lei estadual que proíbe a
criação de novos feriados.
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