São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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"Pai da meta" diz que inflação vai ficar acima de 7%

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A inflação neste ano deverá atingir um pouco mais de 7%, acima do centro da meta de 5,5%. A estimativa é de Sérgio Werlang, diretor do Itaú e ex-diretor do Banco Central.
Para ele, a decisão do Copom de manter a taxa de juros em 16% ao ano foi correta.
"Como já estamos projetando uma inflação dentro da banda [que vai de 3% a 8%], mas acima do centro da meta, acho que a decisão do BC foi correta, sim", diz Werlang, um dos pais do regime de metas.
Para ele, a forte turbulência que afetou o mercado financeiro ontem esteve mais relacionada à continuação do cenário externo desfavorável do que à manutenção dos juros pelo BC.
Segundo Werlang, a preocupação com uma possível pressão dos preços de ativos que estão em alta -como o dólar e o petróleo- sobre a inflação deve ter sido a principal razão da cautela do BC.
Werlang explica que, embora a política monetária tenha -como o próprio BC já reconheceu- efeitos limitados sobre os chamados choques primários de preços, é um instrumento capaz de evitar ou, pelo menos, limitar uma disseminação dos mesmos.
Por exemplo, uma política monetária mais apertada não consegue impedir que um choque nos valores de negociação do petróleo seja repassado para o preço da gasolina. Esse é um choque primário.
Mas é eficaz em reprimir a demanda de consumidores. Com isso, acaba minimizando os repasses que fornecedores fariam dos preços maiores do combustível a outros produtos, já que estes passam a temer uma forte queda nas vendas.


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