São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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TRABALHO

Total de postos abertos, ainda que alto, não foi suficiente para absorver a maior procura por emprego na Grande SP

Desemprego e vagas novas batem recorde

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia deu sinais de que está se recuperando, mas num ritmo insuficiente para absorver um número cada vez maior de pessoas procurando emprego. Essa é a realidade ao menos na região metropolitana de São Paulo, segundo pesquisa divulgada pela Fundação Seade e pelo Dieese.
O resultado dessa combinação levou a taxa de desemprego a subir e atingir recorde histórico na região metropolitana de São Paulo em abril: 20,7% da população economicamente ativa. Em março, a taxa foi de 20,6%.
O desemprego chegou ao patamar mais elevado dos últimos nove anos apesar de a criação de vagas também ter sido recorde para o mês -desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 1985, nunca foram gerados tantos empregos num mês de abril.
Enquanto foram criadas 124 mil vagas no mês passado, 168 mil pessoas entraram no mercado procurando uma oportunidade. Com isso, houve acréscimo de 44 mil pessoas no número de desempregados sobre março. Seade e Dieese estimam que o total de desempregados na Grande São Paulo tenha sido de 2,044 milhões em abril -outro recorde histórico. Até então, o maior contingente havia sido registrado em setembro do ano passado, quando 2,03 milhões estavam sem emprego.
"O que ocorre tradicionalmente em abril é que as pessoas retornam ao mercado. Mas notamos que os sinais de aumento da produção industrial e da contratação atraíram aqueles que, pela primeira vez, buscaram uma vaga", afirma Paula Montagner, gerente da Fundação Seade. "Essa pressão levou a taxa a subir."
Indústria e comércio foram os dois setores que mais criaram vagas em abril -54 mil (maior parte com carteira assinada) e 59 mil (sem carteira e trabalho autônomo), respectivamente. No setor de serviços, houve fechamento de 4.000 postos. Em construção civil e serviços domésticos, foram 15 mil vagas abertas.
Entre as empresas que mais contrataram estão as do ramo químico, do vestuário e têxtil, do gráfico e papel, além das indústrias de metal-mecânica.
Para o diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, a criação de vagas em abril foi resultado também da redução da jornada semanal de trabalho e de horas extras realizadas. "Os empresários perceberam que seria mais barato contratar do que aumentar a jornada e pagar hora extra", diz.
A jornada semanal passou de 44 horas em março para 43 horas em abril. A proporção de trabalhadores que fazem hora extra (acima da jornada legal de 44 horas por semana) caiu de 46,3% em março para 40,1% em abril.

Renda
Pelo terceiro mês consecutivo, a renda do trabalhador da região metropolitana de São Paulo voltou a cair em março.
A queda do rendimento médio dos trabalhadores foi de 1,5% sobre fevereiro -o que corresponde a R$ 943. Em março de 2003, o rendimento equivalia a R$ 907. No primeiro trimestre, a redução no rendimento já chega a 5,8%.


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