São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2004

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País precisa crescer mais de 4% para reduzir taxa, dizem analistas

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil teria de crescer acima de 4% ao ano a partir deste ano para que a taxa de desemprego voltasse a cair. A projeção de crescimento de 3,5% para a economia brasileira neste ano, na melhor das hipóteses, pode somente manter o desemprego no nível atual, na análise de economistas ouvidos pela Folha.
"Se o país crescer 3,5% ao ano por quatro anos seguidos, provavelmente a taxa de desemprego pára de subir. Para que a taxa diminua mesmo, o Brasil tem de crescer acima de 4% ao ano", afirma Francisco Pessoa Faria, economista da LCA Consultores.
A estimativa dos economistas é que cerca de 1,5 milhão de trabalhadores entram por ano no mercado de trabalho. "Para absorver essas pessoas e as que estão desempregadas, o país tem de crescer mais de 4% ao ano", diz Fabio Silveira, sócio da MS Consult.
Para os economistas, as chances de o Brasil crescer acima de 4% a partir deste ano e nos próximos dois a três anos são pequenas, considerando o situação político-econômica atual. "Por isso, é importante que o governo tenha programas sociais eficientes para minimizar uma parte dessa difícil situação do mercado de trabalho no país", afirma Pessoa Faria.
Para José Dari Krein, professor de economia do trabalho da Unicamp, o país não vai resolver o problema do desemprego se não resolver o problema econômico.
"Nem mesmo o crescimento de 3,5% previsto para este ano está consolidado. A decisão do governo de manter os juros em 16% ao ano jogou um balde de água fria nas expectativas para este ano."
Na sua análise, as taxas de desemprego nem sempre revelam, porém, a real condição da sociedade. Apesar de a taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo ser recorde -20,7% em abril sobre a PEA (População Economicamente Ativa), como informa o Dieese-, o aumento no número de pessoas que procuraram emprego em abril (168 mil) pode ser um bom sinal para o mercado de trabalho.
"As pessoas começam a procurar emprego quando sentem uma melhora no mercado de trabalho", afirma Krein. Cimar Azeredo Pereira, gerente da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE, lembra, porém, que esse grupo de pessoas que passou a procurar emprego pode ter tomado essa decisão somente para poder ajudar no orçamento da família, já que o rendimento do trabalhador está em queda. (FF)


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