|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BC eleva intervenção, mas moeda americana recua
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central voltou ontem a intervir com força no
mercado de câmbio, mas não
conseguiu impedir que o dólar
encerrasse o dia com baixa de
0,39%, vendido a R$ 2,027, menor valor desde 2 de outubro.
Foi a terceira baixa seguida
da moeda americana, que se
desvalorizou em 3,93% só nesta semana, e está a apenas
1,38% de romper o piso de R$ 2.
Segundo estimativas do mercado, o BC comprou ontem
mais de US$ 1 bilhão em "cash"
no final da tarde. Desde que
voltou a intervir comprando
dólares para as reservas, no início do mês, o volume não passava muito de US$ 150 milhões.
O argumento do BC é que sua
atuação visa corrigir desequilíbrios momentâneos de liquidez, e não impedir a valorização
brusca do real, movimento que
descontenta exportadores.
Para Luis Piason, gerente de
câmbio da corretora Concórdia, o BC enxugou o excesso de
dólares dos bancos e mostrou
que, se quiser intervir, tem força para mexer com as cotações.
"É um volume expressivo. O BC
quis dar um recado. Daqui a
pouco estamos com o dólar
[negociado na cotação] antes
da crise. Na semana passada, a
gente via isso [dólar abaixo de
R$ 2], mas não para já. Agora, o
dólar já está em R$ 2", disse.
Já José Roberto Carreira, gerente da Corretora Novação,
acredita que uma eventual mudança nas intervenções do BC
não deve alterar consideravelmente a trajetória de queda da
divisa dos EUA. "A maior prova
disso é que, mesmo [com o BC]
entrando, o dólar ainda cai. Não
vai mudar muita coisa, não."
Durante o dia, o dólar chegou
a cair mais de 1% e desceu a R$
2,014. Dessa vez, a atuação do
BC coincidiu com a piora nos
mercados americanos e ocorreu pouco antes do fechamento
dos negócios. Por esse motivo, a
atuação do BC poderá ter repercussão maior hoje, de acordo com analistas.
Segundo o consultor Milton
Wagner, a taxa de câmbio brasileira segue uma depreciação
internacional do dólar americano em relação a ativos de risco, como commodities e moedas emergentes.
"Mas há também um descolamento do Brasil em relação a
outros emergentes. Países como Canadá, Austrália, México e
Rússia são também grandes
produtores de commodities,
mas estão em situação um pouco pior. As moedas deles também se valorizam, mas não como o real. O Brasil se diferencia
porque tem mercado consumidor forte, não depende tanto de
exportações e tem o sistema financeiro forte", disse Wagner.
Texto Anterior: Rentabilidade de exportações recua 8,8% Próximo Texto: Michael Pettis: O perigo do modelo asiático Índice
|