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Morre Francisco Gros, ex-presidente do BC
Economista, que sofria de câncer, também comandou o BNDES e a Petrobras no governo Fernando Henrique Cardoso
Gros integrou a equipe que
elaborou o programa de
abertura da economia
brasileira, no governo
Fernando Collor, em 1991
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O economista Francisco
Gros, que exerceu os cargos de
presidente do Banco Central,
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) e da Petrobras, morreu
ontem, por volta das 17h, em
São Paulo, aos 68. Gros, que estava internado desde 28 de
abril no hospital Sírio-Libanês,
sofria havia pouco mais de um
ano de câncer no cérebro.
Gros deixa mulher e três filhos. O corpo do economista será levado hoje para o Rio. O velório está marcado para amanhã, no Cemitério do Caju, onde o corpo será cremado.
Segundo familiares, Gros foi
internado por conta de complicações da quimioterapia.
Gros se formou em economia
pela Universidade de Princeton, nos EUA, em 1964. O economista é descrito pelos amigos como um homem muito
culto. Ele iniciou sua carreira
como banqueiro de investimentos em Wall Street, no início da década de 1970, no banco
Kidder, Peabody and Co.
Ele retornou ao Brasil em
meados da década e teve passagens pela CVM (Comissão de
Valores Mobiliários), onde
atuou como superintendente e
diretor. Ocupou ainda o cargo
de diretor-executivo do Unibanco no início do anos 1980.
Amigos do economista destacam a atuação de Gros como
presidente do Banco Central,
cargo que exerceu em 1987 (governo Sarney) e novamente de
1991 a 1992 (governo Collor).
Foi um dos principais integrantes da equipe econômica
que elaborou o programa de
abertura da economia brasileira, iniciado em 1991.
Conduziu ainda as negociações que levaram a acordos
com o Clube de Paris em fevereiro de 1992 e com o FMI em
junho do mesmo ano.
Gros também esteve à frente
do BNDES, entre 2000 e 2002,
e da Petrobras, entre 2002 e
2003 (governo FHC). Foi presidente da OGX, empresa do grupo de Eike Batista, de setembro
de 2007 a abril de 2008.
"Homem íntegro e competente, Gros teve êxito na atividade privada e, quando serviu
ao governo, agiu com responsabilidade pública. Além da perda
para o país, perdi um amigo",
disse em nota o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
"Participei da segunda passagem dele pelo Banco Central.
Foi um período de alta turbulência. No início do mandato,
enfrentou todos os problemas
do Plano Collor e na saída lidou
com a fase do impeachment.
Ele teve uma liderança muito
firme e sempre focada nos valores certos, nas decisões que
olhavam sempre para o bem
maior do país", afirmou Armínio Fraga, ex-presidente do BC.
O ex-presidente do BC Gustavo Loyola era diretor do banco na época. "Gros tinha uma
postura de diretoria colegiada
no BC. Trabalhava muito bem
com o grupo e soube conduzir
negociações importantes para
o país", disse.
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