São Paulo, sexta-feira, 21 de maio de 2010

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Economia do Japão reage e reduz temores

País cresce 4,9% na taxa anualizada no 1º trimestre; exportações ainda são o principal motor econômico

MURE DICKIE
DO "FINANCIAL TIMES", EM TÓQUIO

A economia japonesa registrou crescimento relativamente robusto -de 1,2%- no primeiro trimestre deste ano.
Mas a recuperação plena da pior crise que o país sofreu no pós-Guerra continua a depender fortemente da demanda internacional e da recuperação no consumo interno, que pode estar começando a oscilar.
Os dados preliminares sobre o PIB japonês divulgados ontem equivalem a crescimento anualizado de 4,9% -abaixo das previsões dos economistas, mas ainda assim uma refutação dos temores surgidos em 2009 de que a recuperação do país poderia se estagnar em 2010, ou até mesmo se converter em uma dolorosa recessão "de duplo mergulho".
Natoo Kan, ministro das Finanças, recebeu positivamente os dados, afirmando que eles refletem "uma recuperação econômica sólida", mas que era cedo demais para relaxar.
Pode ser perigoso interpretar de forma muito positiva a estimativa preliminar japonesa quanto ao PIB, já que essa estatística muitas vezes sofre pesadas revisões posteriores.
No terceiro trimestre do ano passado, por exemplo, a estimativa inicial foi de expansão econômica de 1,2%, mas posteriormente o número foi revisado para uma contração, e agora um novo cálculo aponta para expansão de 0,1%.
No entanto, a estimativa para o primeiro trimestre não deixa dúvida de que o Japão continua a depender da demanda externa para seu crescimento.
No período, as exportações líquidas de bens e serviços responderam por 0,7 ponto percentual do avanço de 1,2 ponto ante o trimestre anterior. O Japão não é o único país a se beneficiar das exportações.
Taiwan anunciou crescimento anualizado de 13,27% em seu PIB, alimentado em parte por exportações de produtos de alta tecnologia à China.
Muitas indústrias de Taiwan já estão produzindo no limite de sua capacidade e começam a investir em novas fábricas; o investimento do setor privado cresceu 37,1% ante 2009 -o maior salto em 35 anos.
Mas a dependência do consumo estrangeiro significa que os países exportadores do Leste da Ásia estarão vulneráveis a qualquer desaceleração na China, nos EUA ou na Europa.
Os dados de ontem ofereceram alguns sinais de que a recuperação japonesa estava se alargando, com crescimento em todas as categorias de demanda pública, entre as quais o investimento residencial, que caiu acentuadamente em 2009.
Mas o ritmo de crescimento do consumo privado ante o trimestre anterior caiu consideravelmente, o que sugere que o efeito dos programas de estímulo do governo para ampliar as vendas de bens de consumo e veículos começam a se dissipar.
Embora a produção industrial e outros indicadores continuem abaixo dos níveis anteriores à crise, a relativa robustez da recuperação vai alimentar os apelos para que o Japão comece a pôr em ordem a sua casa fiscal, por meio do controle do deficit governamental e de aumento de impostos.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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