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Economia do Japão reage e reduz temores
País cresce 4,9% na taxa anualizada no 1º trimestre; exportações ainda são o principal motor econômico
MURE DICKIE
DO "FINANCIAL TIMES", EM TÓQUIO
A economia japonesa registrou crescimento relativamente robusto -de 1,2%- no primeiro trimestre deste ano.
Mas a recuperação plena da
pior crise que o país sofreu no
pós-Guerra continua a depender fortemente da demanda internacional e da recuperação
no consumo interno, que pode
estar começando a oscilar.
Os dados preliminares sobre
o PIB japonês divulgados ontem equivalem a crescimento
anualizado de 4,9% -abaixo
das previsões dos economistas,
mas ainda assim uma refutação
dos temores surgidos em 2009
de que a recuperação do país
poderia se estagnar em 2010,
ou até mesmo se converter em
uma dolorosa recessão "de duplo mergulho".
Natoo Kan, ministro das Finanças, recebeu positivamente
os dados, afirmando que eles
refletem "uma recuperação
econômica sólida", mas que era
cedo demais para relaxar.
Pode ser perigoso interpretar de forma muito positiva a
estimativa preliminar japonesa
quanto ao PIB, já que essa estatística muitas vezes sofre pesadas revisões posteriores.
No terceiro trimestre do ano
passado, por exemplo, a estimativa inicial foi de expansão
econômica de 1,2%, mas posteriormente o número foi revisado para uma contração, e agora
um novo cálculo aponta para
expansão de 0,1%.
No entanto, a estimativa para
o primeiro trimestre não deixa
dúvida de que o Japão continua
a depender da demanda externa para seu crescimento.
No período, as exportações
líquidas de bens e serviços responderam por 0,7 ponto percentual do avanço de 1,2 ponto
ante o trimestre anterior.
O Japão não é o único país a
se beneficiar das exportações.
Taiwan anunciou crescimento
anualizado de 13,27% em seu
PIB, alimentado em parte por
exportações de produtos de alta tecnologia à China.
Muitas indústrias de Taiwan
já estão produzindo no limite
de sua capacidade e começam a
investir em novas fábricas; o investimento do setor privado
cresceu 37,1% ante 2009 -o
maior salto em 35 anos.
Mas a dependência do consumo estrangeiro significa que os
países exportadores do Leste
da Ásia estarão vulneráveis a
qualquer desaceleração na China, nos EUA ou na Europa.
Os dados de ontem ofereceram alguns sinais de que a recuperação japonesa estava se
alargando, com crescimento
em todas as categorias de demanda pública, entre as quais o
investimento residencial, que
caiu acentuadamente em 2009.
Mas o ritmo de crescimento
do consumo privado ante o trimestre anterior caiu consideravelmente, o que sugere que o
efeito dos programas de estímulo do governo para ampliar
as vendas de bens de consumo e
veículos começam a se dissipar.
Embora a produção industrial e outros indicadores continuem abaixo dos níveis anteriores à crise, a relativa robustez da recuperação vai alimentar os apelos para que o Japão
comece a pôr em ordem a sua
casa fiscal, por meio do controle do deficit governamental e de
aumento de impostos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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