São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2004

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SEMENTE DA DISCÓRDIA

Governador do RS e representantes do governo brasileiro se reúnem com autoridades chinesas

Rigotto espera fim do embargo à soja hoje

Juca Varella -4.jun.04/Folha Imagem
Descarregamento de soja em terminal do porto de Santos


LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB) -que com outras autoridades tenta solucionar o problema do embargo da China às exportações de soja brasileira- espera conseguir a suspensão da medida hoje.
Foram definidas ontem duas medidas que serão anunciadas em reunião com autoridades chinesas: serão relatadas as determinações de controle rigoroso em relação à soja tomadas pelo governo brasileiro e os chineses serão convidados a acompanhar os trabalhos de fiscalização realizados no porto de Rio Grande.
As informações foram repassadas ontem para a Agência Folha pela assessoria de imprensa do governo gaúcho, que acompanha Rigotto em sua viagem à China.
"Mostraremos que, se houve problemas em alguns navios, não há porque todo mundo pagar pelo erro. O governo brasileiro vem tomando fortes medidas, como a instrução normativa que estabelece regras bem mais duras à soja para exportação do que as de qualquer outro país. Não há razão para o embargo", disse Rigotto.
A expectativa é de que, na reunião de hoje, os brasileiros consigam remover os entraves chineses para a compra da soja brasileira.
A reunião terá participação de cinco autoridades brasileiras e cinco autoridades do Ministério da Quarentena (que cuida do controle de importações da China). O principal argumento a ser utilizado para flexibilizar a postura chinesa é o de que o Brasil adotou uma regra rígida de permitir no máximo uma semente contaminada por quilo de soja. Nos Estados Unidos, por exemplo, a tolerância é de três sementes contaminadas por quilo.
Além de Rigotto, participarão do encontro, hoje, o secretário estadual da Agricultura, Odacyr Klein, e o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Maçao Tadano.
Na reunião, o primeiro a expor as medidas adotadas pelo governo brasileiro será Tadano. Rigotto falará em seguida, sobre a parceria dos Estados com o governo federal para intensificar a fiscalização da qualidade da soja exportada. Depois, os representantes brasileiros serão recebidos em um jantar pelo governo chinês.
"No momento em que o Ministério da Quarentena convida para um jantar, há uma sinalização de que há avanço, ou que, pelo menos, está havendo sensibilidade dos chineses quanto ao fim desse impasse", afirmou Rigotto.
No caso específico do Rio Grande do Sul, cerca de 70% da exportação de soja tem como destino a China. Caso a postura das autoridades chinesas não mude, Rigotto já disse que defenderá a idéia de que o Brasil recorra à OMC (Organização Mundial do Comércio) para resolver o conflito.
A safra gaúcha neste ano é de 5,5 milhões de toneladas, contra a produção recorde de 9,5 milhões de toneladas em 2003. A queda se deve à estiagem no Estado.
A viagem de Rigotto à China não se deve à crise comercial existente entre os dois países -ela já havia sido marcada e foi adiada em razão de problemas envolvendo a difícil situação financeira do Estado. O governador não quis, na ocasião, ausentar-se.
A viagem, iniciada na última terça-feira, ocorreu exatamente no momento em que se desenvolveu a crise. Para agricultores, exportadores e autoridades brasileiras, a China tenta, recusando os carregamentos brasileiros, baixar o preço internacional da soja.


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