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Cresce capacidade de expansão da economia, diz Ipea
Órgão vê crescimento sustentável se aproximando de 4,5% e "círculo virtuoso" graças a política monetária "consistente"
Instituto, ligado ao Planejamento, reduz a sua previsão para os juros e a inflação e eleva a para o PIB de 2007, de 4,2% para 4,3%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) revisou
ontem para cima sua projeção
para o crescimento do PIB
(Produto Interno Bruto) em
2007 -de 4,2% para 4,3%. Disse ainda que o crescimento potencial da economia no futuro
aumentou, o que afasta o risco
inflacionário e permite a continuidade do processo de queda
dos juros.
Fabio Giambiagi, economista
do Ipea, afirmou que o país
cresceu a uma taxa média de
4% de 2004 a 2006, "almejada
há muito tempo". Está agora,
diz, aproximando-se mais dos
4,5%. Pela primeira vez, o Ipea
divulgou a previsão para o PIB
de 2008: 4,4%.
Em seu Boletim de Conjuntura, o Ipea, órgão ligado ao Ministério do Planejamento, diz
que "a economia brasileira
emite sinais de ter finalmente
ingressado no chamado "círculo virtuoso" de desempenho"
graças a um longo período de
política monetária consistente,
que "produz efeitos positivos
nas expectativas" e, conseqüentemente, "nas decisões de
aumento de produção e investimentos".
Produtividade maior
Para Giambiagi, a nova metodologia de cálculo do PIB do IBGE não mostrou apenas que a
economia cresceu mais -de
2,9% para 3,7% em 2006- mas
também que a produtividade
aumentou, elevando o potencial futuro de crescimento.
Com isso, caiu o risco de que o
aumento da produção bata no
teto da capacidade das empresas e se traduza em aumento de
preços.
O Ipea reduziu a projeção para o IPCA de 2007 de 3,8% para
3,4% -abaixo do centro da meta oficial de 4,5%. Para a Selic
média do último trimestre deste ano, a previsão baixou de
11,5% para 10,7%. Hoje, a Selic
está em 12%.
No segundo trimestre, o Ipea
já vê a economia crescendo de
modo mais acelerado em parte
graças a uma base de comparação mais fraca em igual período
de 2006. Estima uma alta de
5,5%, ante a expansão verificada de 4,3% nos três primeiros
meses do ano.
Para Giambiagi, o investimento será o grande destaque
do PIB neste ano. Crescerá, segundo a previsão, 9% em 2007
e em 2008. "Estamos vendo
com mais otimismo a evolução
do investimento. Será o terceiro ano consecutivo [se a previsão se confirmar] na faixa de
9% [a alta foi de 8,8% em
2006]." O consumo privado (famílias e empresas), prevê o
Ipea, também terá bom desempenho -alta de 5,7%.
O Ipea reduziu, porém, sua
projeção para o crescimento da
indústria no PIB -de 4,8% para
4,3%. Giambiagi disse que o
câmbio afeta alguns setores
que substituíram fornecedores
locais por estrangeiros por causa da preços mais atraentes de
importados.
No caso da perda de ritmo da
exportações, ele acredita, porém, que o setor intensificará
seu processo de "adaptação
competitiva" para não perder
mercado.
Com a recente queda do dólar, o instituto prevê o câmbio a
R$ 2,02 na média deste ano, ante R$ 2,17 da previsão de março.
O real, porém, pode se desvalorizar em 2008, segundo Giambiagi. "Mas só no começo do
próximo ano, com a queda mais
intensa da Selic, é que vamos tirar a prova dos noves para saber qual o impacto da taxa de
juro na entrada de dólares no
país."
Apesar do recuo do dólar, o
bom desempenho dos primeiros meses do ano levou o Ipea a
revisar para cima sua projeção
para o saldo da balança comercial em 2007 -de US$ 40,4 bilhões para US$ 44,1 bilhões. É
reflexo principalmente de uma
evolução mais positiva dos preços das exportações (que subiram 45%), embora a quantidade exportada também tenha
crescido, de acordo com o economista do Ipea.
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