São Paulo, quinta-feira, 21 de junho de 2007

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Cresce capacidade de expansão da economia, diz Ipea

Órgão vê crescimento sustentável se aproximando de 4,5% e "círculo virtuoso" graças a política monetária "consistente"

Instituto, ligado ao Planejamento, reduz a sua previsão para os juros e a inflação e eleva a para o PIB de 2007, de 4,2% para 4,3%

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revisou ontem para cima sua projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2007 -de 4,2% para 4,3%. Disse ainda que o crescimento potencial da economia no futuro aumentou, o que afasta o risco inflacionário e permite a continuidade do processo de queda dos juros.
Fabio Giambiagi, economista do Ipea, afirmou que o país cresceu a uma taxa média de 4% de 2004 a 2006, "almejada há muito tempo". Está agora, diz, aproximando-se mais dos 4,5%. Pela primeira vez, o Ipea divulgou a previsão para o PIB de 2008: 4,4%.
Em seu Boletim de Conjuntura, o Ipea, órgão ligado ao Ministério do Planejamento, diz que "a economia brasileira emite sinais de ter finalmente ingressado no chamado "círculo virtuoso" de desempenho" graças a um longo período de política monetária consistente, que "produz efeitos positivos nas expectativas" e, conseqüentemente, "nas decisões de aumento de produção e investimentos".

Produtividade maior
Para Giambiagi, a nova metodologia de cálculo do PIB do IBGE não mostrou apenas que a economia cresceu mais -de 2,9% para 3,7% em 2006- mas também que a produtividade aumentou, elevando o potencial futuro de crescimento. Com isso, caiu o risco de que o aumento da produção bata no teto da capacidade das empresas e se traduza em aumento de preços.
O Ipea reduziu a projeção para o IPCA de 2007 de 3,8% para 3,4% -abaixo do centro da meta oficial de 4,5%. Para a Selic média do último trimestre deste ano, a previsão baixou de 11,5% para 10,7%. Hoje, a Selic está em 12%.
No segundo trimestre, o Ipea já vê a economia crescendo de modo mais acelerado em parte graças a uma base de comparação mais fraca em igual período de 2006. Estima uma alta de 5,5%, ante a expansão verificada de 4,3% nos três primeiros meses do ano.
Para Giambiagi, o investimento será o grande destaque do PIB neste ano. Crescerá, segundo a previsão, 9% em 2007 e em 2008. "Estamos vendo com mais otimismo a evolução do investimento. Será o terceiro ano consecutivo [se a previsão se confirmar] na faixa de 9% [a alta foi de 8,8% em 2006]." O consumo privado (famílias e empresas), prevê o Ipea, também terá bom desempenho -alta de 5,7%.
O Ipea reduziu, porém, sua projeção para o crescimento da indústria no PIB -de 4,8% para 4,3%. Giambiagi disse que o câmbio afeta alguns setores que substituíram fornecedores locais por estrangeiros por causa da preços mais atraentes de importados.
No caso da perda de ritmo da exportações, ele acredita, porém, que o setor intensificará seu processo de "adaptação competitiva" para não perder mercado.
Com a recente queda do dólar, o instituto prevê o câmbio a R$ 2,02 na média deste ano, ante R$ 2,17 da previsão de março. O real, porém, pode se desvalorizar em 2008, segundo Giambiagi. "Mas só no começo do próximo ano, com a queda mais intensa da Selic, é que vamos tirar a prova dos noves para saber qual o impacto da taxa de juro na entrada de dólares no país."
Apesar do recuo do dólar, o bom desempenho dos primeiros meses do ano levou o Ipea a revisar para cima sua projeção para o saldo da balança comercial em 2007 -de US$ 40,4 bilhões para US$ 44,1 bilhões. É reflexo principalmente de uma evolução mais positiva dos preços das exportações (que subiram 45%), embora a quantidade exportada também tenha crescido, de acordo com o economista do Ipea.


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