São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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Indústria mineral bate recorde de investimentos

Projeção de instituto de mineração indica aplicação de US$ 48,2 bi até 2012

Setor revê estimativa em 50% na comparação com previsão anterior; minério de ferro lidera investimento com destaque para a Vale


AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O investimento da indústria mineral brasileira vai alcançar marco histórico nos próximos cinco anos. O Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) revisou pela quarta vez no período de um ano e meio o balanço de investimento em expansão da produção mineral no país. A nova projeção indica aportes de US$ 48,2 bilhões até 2012.
Além de nova revisão, o acompanhamento indica também o maior salto em termos de investimento em relação a previsão anteriores, com incremento de 50% sobre a estimativa passada.
Até agora, o Ibram trabalhava com a perspectiva de US$ 32 bilhões no horizonte de meia década. O primeiro levantamento para mensurar a alocação de capital no setor foi feito em janeiro de 2007, quando o balanço indicava aporte de US$ 25 bilhões. Em seguida, o número foi elevado a US$ 28 bilhões, em meados de 2007.
Segundo Antônio Lannes, gerente de pesquisa e desenvolvimento do Ibram, a alta do preço dos minerais e a grave dependência brasileira de importação de matérias-primas para a produção de fertilizantes viabilizaram o fortalecimento de um novo ciclo de investimentos.
"Há projetos de minério de ferro, níquel, cobre e fosfato por todo o país. Esse já é o período de maior investimento na história do setor mineral", afirma Lannes. O fosfato, uma das matérias-primas para produzir fertilizantes, ganhou importância ante a dependência de importações do setor agrícola brasileiro.
O principal mineral no rol da prioridades de investimento é o minério de ferro. Dos US$ 48 bilhões, US$ 27 bilhões permitirão ao Brasil praticamente duplicar a produção anual em cinco anos. Estimativas do Ibram indicam que a produção passará dos atuais 350 milhões de toneladas por ano para quase 700 milhões de toneladas.
"Praticamente duplicará a produção de minério de ferro", afirma Lannes. A Companhia Vale do Rio Doce é a principal investidora, com a expansão da Estrada de Ferro Carajás e o desenvolvimento da chamada Serra Sul, na mina de Carajás, no sudeste do Pará -onde está a maior mina de ferro a céu aberto do mundo. Mas, além da Vale, projetos da Anglo American, da CSN, da Usiminas e da MMX engordam as cifras para expansão da produção de minério de ferro.

Recursos maciços
O Ibram explica que outros tipos de minério também devem receber recursos maciços.
É o caso do níquel. A produção brasileira deverá sair das atuais 82 mil toneladas para 286 mil toneladas por ano até 2011, última projeção. O níquel é um minério usado pela indústria siderúrgica para a produção do aço inoxidável.
O investimento em crescimento da produção tomará US$ 6,2 bilhões em cinco anos, aponta o Ibram.
O cobre também é alvo de grande interesse das companhias. O aporte em projetos para esse mineral chegará a US$ 1,7 bilhão em meia década, o suficiente para elevar de 148 mil toneladas para 376 mil toneladas a produção brasileira. Os investimentos em bauxita e alumina (o minério básico e a primeira transformação antes do alumínio) chegam a US$ 5,742 bilhões.
Segundo levantamento do Ibram, o único produto que não está eleito para novos investimentos é o alumínio.
O aumento da produção será modesto, de 1,60 milhão de toneladas para 1,76 milhão de toneladas até 2012.
"Os projetos em expansão da produção de alumínio são mais modestos. O problema está nas incertezas que existem no Brasil quanto à garantia de oferta de energia", diz Lannes. A produção de alumínio exige grandes quantidades de energia, insumo que atualmente é o centro da preocupação do setor industrial, sobretudo das unidades eletrointensivas.


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