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EXUBERÂNCIA
Presidente do Fed diz que política de juros está surtindo efeito, mas promete atenção à pressão inflacionária
Greenspan vê desaquecimento e eleva Bolsas
DA REDAÇÃO
Alan Greenspan, o todo-poderoso presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), fez as Bolsas dos Estados Unidos recuperarem ontem
parte das perdas acumuladas na
semana.
Com a cautela que tem sido a
sua marca, Greenspan deixou claro ao Comitê Bancário do Senado
que a sua política de juros tem obtido resultado, mas que vai continuar atento às pressões inflacionárias.
"A economia já desaqueceu um
pouco nos últimos meses, mas o
Fed ainda estará vigilante diante
da inflação que ainda pode ameaçar a prosperidade do país", disse
Greenspan.
Um indicador da economia
norte-americana divulgado ontem -o de construção de novas
casas- também fortaleceu os argumentos de Greenspan sobre o
desaquecimento da economia. O
indicador caiu 2,6% de maio para
junho, representando o maior recuo em dois anos, segundo o Departamento de Comércio dos
EUA.
"Os gastos com a construção de
casas novas frearam substancialmente. Eles registraram um ritmo
forte até o final do ano passado,
mas já estão recuando", afirmou o
presidente do Fed.
Bolsas sobem
O efeito Greenspan é quase
sempre imediato. Depois da palestra feita ao Senado, na qual o
presidente do Fed afirmou estar
assistindo ao esfriamento da economia, as Bolsas subiram.
O Nasdaq Composite (principal
indicador da Bolsa eletrônica que
reúne ações de empresas de informática e novas tecnologias) subiu
3,18%.
O índice Dow Jones (que reúne
as ações mais negociadas na Bolsa
de Nova York e representa as
companhias da "velha economia") também aumentou e fechou o pregão com alta de 1,38%.
Para os investidores, Greenspan
sinalizou que manterá sua cautela
habitual, mas que a economia já
está respondendo às elevações
nas taxas básicas de juros -em
um ano, foram seis aumentos que
elevaram a taxa para os atuais
6,5% ao ano.
Isso significa que o Fed não deve
ter uma política tão agressiva e,
caso decida elevar novamente as
taxas, deverá fazer em doses pequenas, sem prejudicar o desempenho do mercado financeiro.
A alta nas Bolsas é explicada por
meio dessa expectativa: os juros
menores -a serem pagos pelos
bancos- devem desestimular os
investidores a colocar seu capital
em fundos ou em outras aplicações financeiras.
Com a perspectiva de pequenas
altas nos juros, as Bolsas de Valores são mantidas como uma das
preferências do investidor, que
pode obter nelas rentabilidade
elevada.
Cautela
Apesar da euforia do mercado
financeiro, Greenspan acredita
que é necessário ter cautela. "Nós
já assistimos à queda no consumo
em outros períodos dessa expansão econômica, que já dura uma
década. No entanto elas se mostraram temporárias", disse o presidente do Fed.
O desemprego no país ainda é
baixo -o que deveria ser uma
boa notícia em qualquer lugar do
mundo. Nos EUA, no entanto,
significa que pessoas empregadas
e ganhando bem podem consumir muito e fazer a inflação subir.
Greenspan voltou a insistir ontem que é a alta produtividade da
economia o fator decisivo para
conter a inflação. Por meio dela,
as empresas conseguem atender a
forte demanda, sem mexer nos
preços dos produtos.
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