São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2000


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EXUBERÂNCIA
Presidente do Fed diz que política de juros está surtindo efeito, mas promete atenção à pressão inflacionária
Greenspan vê desaquecimento e eleva Bolsas

DA REDAÇÃO

Alan Greenspan, o todo-poderoso presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), fez as Bolsas dos Estados Unidos recuperarem ontem parte das perdas acumuladas na semana.
Com a cautela que tem sido a sua marca, Greenspan deixou claro ao Comitê Bancário do Senado que a sua política de juros tem obtido resultado, mas que vai continuar atento às pressões inflacionárias.
"A economia já desaqueceu um pouco nos últimos meses, mas o Fed ainda estará vigilante diante da inflação que ainda pode ameaçar a prosperidade do país", disse Greenspan.
Um indicador da economia norte-americana divulgado ontem -o de construção de novas casas- também fortaleceu os argumentos de Greenspan sobre o desaquecimento da economia. O indicador caiu 2,6% de maio para junho, representando o maior recuo em dois anos, segundo o Departamento de Comércio dos EUA.
"Os gastos com a construção de casas novas frearam substancialmente. Eles registraram um ritmo forte até o final do ano passado, mas já estão recuando", afirmou o presidente do Fed.

Bolsas sobem
O efeito Greenspan é quase sempre imediato. Depois da palestra feita ao Senado, na qual o presidente do Fed afirmou estar assistindo ao esfriamento da economia, as Bolsas subiram.
O Nasdaq Composite (principal indicador da Bolsa eletrônica que reúne ações de empresas de informática e novas tecnologias) subiu 3,18%.
O índice Dow Jones (que reúne as ações mais negociadas na Bolsa de Nova York e representa as companhias da "velha economia") também aumentou e fechou o pregão com alta de 1,38%.
Para os investidores, Greenspan sinalizou que manterá sua cautela habitual, mas que a economia já está respondendo às elevações nas taxas básicas de juros -em um ano, foram seis aumentos que elevaram a taxa para os atuais 6,5% ao ano.
Isso significa que o Fed não deve ter uma política tão agressiva e, caso decida elevar novamente as taxas, deverá fazer em doses pequenas, sem prejudicar o desempenho do mercado financeiro.
A alta nas Bolsas é explicada por meio dessa expectativa: os juros menores -a serem pagos pelos bancos- devem desestimular os investidores a colocar seu capital em fundos ou em outras aplicações financeiras.
Com a perspectiva de pequenas altas nos juros, as Bolsas de Valores são mantidas como uma das preferências do investidor, que pode obter nelas rentabilidade elevada.

Cautela
Apesar da euforia do mercado financeiro, Greenspan acredita que é necessário ter cautela. "Nós já assistimos à queda no consumo em outros períodos dessa expansão econômica, que já dura uma década. No entanto elas se mostraram temporárias", disse o presidente do Fed.
O desemprego no país ainda é baixo -o que deveria ser uma boa notícia em qualquer lugar do mundo. Nos EUA, no entanto, significa que pessoas empregadas e ganhando bem podem consumir muito e fazer a inflação subir.
Greenspan voltou a insistir ontem que é a alta produtividade da economia o fator decisivo para conter a inflação. Por meio dela, as empresas conseguem atender a forte demanda, sem mexer nos preços dos produtos.


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