São Paulo, quarta-feira, 21 de julho de 2004

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Gasto social impede redução, diz Palocci

DA REDAÇÃO

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, disse em entrevista ao jornal britânico "Financial Times" que "a redução da carga tributária não é possível no curto prazo devido aos gastos e obrigações sociais que temos".
Em entrevista concedida em Brasília na quinta-feira passada, Palocci voltou a repetir que "a promessa é não aumentar a carga, como tem ocorrido nos últimos dez anos, a uma média de um ponto percentual do PIB [Produto Interno Bruto] por ano".
Ele afirmou que o governo interrompeu esse aumento e "cortou 14% dos gastos orçamentários no ano passado, o que já é um passo importante". O ministro disse também que o governo melhorou a qualidade da taxação sobre bens de capital e, por meio de isenção de bens de consumo básicos, sobre exportações.
Ontem, em Brasília, o secretário-adjunto da Receita Ricardo Pinheiro disse que o órgão estuda mudanças tributárias para desonerar o setor produtivo. Ele não quis, porém, dar mais detalhes.
Segundo Pinheiro, essa desoneração será "buscada com sacrifício", respeitando as limitações fiscais. O secretário disse que Palocci está preocupado com uma possível crise de demanda na economia, que seria provocada pela falta de investimentos no setor produtivo das empresas.

Gargalos
Palocci negou ao jornal que gargalos no setor de infra-estrutura estejam limitando o crescimento.
"Obviamente, se nós investirmos em estradas e ferrovias, iremos nos beneficiar, mas acredito que a percepção de gargalos é maior do que a que existe na realidade. Existe muita infra-estrutura subutilizada, nos aeroportos e no comércio", afirmou.
Para o ministro, "existem alguns portos que operam em sua capacidade máxima, mas outros têm excesso de capacidade [ociosa]". Segundo ele, "há portos na região Nordeste que experimentam forte expansão".
Questionado sobre o quanto o país pode crescer, o ministro afirmou que a capacidade de expansão da economia, sem inflação, tem estado em torno de 3% a 3,5%, mas que dados recentes indicam que a alta pode ser maior. "Temos que esperar os números [de 2004] para confirmar."


Com a Sucursal de Brasília

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