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NOVA ECONOMIA
Sediada em Belo Horizonte, a Akwan foi criada em 2000 por professores da UFMG; ela não revela valor da venda
Google compra empresa brasileira de busca
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Google, dono do mecanismo
de busca na internet mais utilizado no mundo, anunciou ontem a
compra da empresa brasileira
Akwan Information Technologies, também especializada em
tecnologia de busca na rede. A
empresa se transformou no centro de pesquisa e desenvolvimento do Google na América Latina.
Criada em Belo Horizonte, em
maio de 2000, por professores do
departamento de computação da
UFMG (Universidade Federal de
Minas Gerais), a Akwan tinha cerca de 20 funcionários. Seu diretor-executivo, Berthier Ribeiro-Neto,
45, apontado por especialistas em
computação como uma referência em tecnologias de busca na internet, tornou-se diretor de engenharia do novo centro. Todos os
engenheiros serão mantidos.
"A escolha foi baseada no talento dos engenheiros e na qualidade
da tecnologia", afirmou Ribeiro-Neto, que é professor de recuperação de informações no departamento de ciência da computação
da UFMG. "Fechamos o negócio
ontem [anteontem]. Fiquei até
sem almoço", contou.
Dos antigos sócios, Ribeiro-Neto, que é doutor em computação
pela Universidade da Califórnia,
foi o único absorvido pelo Google.
Ele era também o único a lidar diretamente com a operação.
Entre os sócios, havia outros
três professores da universidade:
Ivan Moura Campos, professor
aposentado e ex-coordenador do
Comitê Gestor da Internet no
Brasil, Alberto Henrique Laender,
atual chefe do departamento de
ciência da computação da UFMG
e Nivio Ziviani, que leciona as disciplinas recuperação de informação e bancos de dados textuais.
Além dos professores, era sócia
a FIR Capital, gestora de fundos
de capital de risco que investiu na
Akwan desde o seu início. A
UFMG também tinha participação, com ações doadas à sua fundação de desenvolvimento de
pesquisa, a Fundep.
Segundo Alan Eustace, vice-presidente de engenharia do Google, a empresa mineira será um
"excelente complemento" ao buscador na América Latina. A empresa não deu detalhes sobre o negócio. O Google é a companhia de
mídia de maior valor na Bolsa de
Valores de Nova York.
"Gugóis"
"Foi um negócio excepcional,
muito bom sob todos os aspectos", afirmou Marcus Regueira,
da FIR Capital. Segundo ele, as
negociações duraram nove meses, e o contrato de venda, que
tem 20 páginas, inclui cláusulas de
confidencialidade que impedem
os antigos donos de falar em cifras. "Posso dizer que foram alguns gugóis de réis da época do
Império", brinca. Gugol, que deu
origem ao nome Google, é o termo matemático para o número 1
seguido de cem zeros.
Regueira, que completa hoje 54
anos, ganhou um generoso presente de aniversário. "A compra
da Akwan é um exemplo emblemático. É uma excelente demonstração de que o "venture capital"
[os investimentos de capital de
risco] no Brasil funciona."
O Google, como a Akwan, nasceu da universidade e recebeu investimento de fundos de capital
de risco. Para Regueira, a diferença que leva a americana a comprar a brasileira pode estar nos 40
anos que os EUA têm à frente do
Brasil no "venture capital".
A Akwan mantinha o site de
busca www.todobr.com.br, que
desde ontem direciona o internauta para o Google. Alguns fundadores da empresa são criadores
da ferramenta de busca Miner,
adquirida em 1999 pelo UOL.
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