São Paulo, quinta-feira, 21 de julho de 2005

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NOVA ECONOMIA

Sediada em Belo Horizonte, a Akwan foi criada em 2000 por professores da UFMG; ela não revela valor da venda

Google compra empresa brasileira de busca

BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Google, dono do mecanismo de busca na internet mais utilizado no mundo, anunciou ontem a compra da empresa brasileira Akwan Information Technologies, também especializada em tecnologia de busca na rede. A empresa se transformou no centro de pesquisa e desenvolvimento do Google na América Latina.
Criada em Belo Horizonte, em maio de 2000, por professores do departamento de computação da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), a Akwan tinha cerca de 20 funcionários. Seu diretor-executivo, Berthier Ribeiro-Neto, 45, apontado por especialistas em computação como uma referência em tecnologias de busca na internet, tornou-se diretor de engenharia do novo centro. Todos os engenheiros serão mantidos.
"A escolha foi baseada no talento dos engenheiros e na qualidade da tecnologia", afirmou Ribeiro-Neto, que é professor de recuperação de informações no departamento de ciência da computação da UFMG. "Fechamos o negócio ontem [anteontem]. Fiquei até sem almoço", contou.
Dos antigos sócios, Ribeiro-Neto, que é doutor em computação pela Universidade da Califórnia, foi o único absorvido pelo Google. Ele era também o único a lidar diretamente com a operação.
Entre os sócios, havia outros três professores da universidade: Ivan Moura Campos, professor aposentado e ex-coordenador do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Alberto Henrique Laender, atual chefe do departamento de ciência da computação da UFMG e Nivio Ziviani, que leciona as disciplinas recuperação de informação e bancos de dados textuais.
Além dos professores, era sócia a FIR Capital, gestora de fundos de capital de risco que investiu na Akwan desde o seu início. A UFMG também tinha participação, com ações doadas à sua fundação de desenvolvimento de pesquisa, a Fundep.
Segundo Alan Eustace, vice-presidente de engenharia do Google, a empresa mineira será um "excelente complemento" ao buscador na América Latina. A empresa não deu detalhes sobre o negócio. O Google é a companhia de mídia de maior valor na Bolsa de Valores de Nova York.

"Gugóis"
"Foi um negócio excepcional, muito bom sob todos os aspectos", afirmou Marcus Regueira, da FIR Capital. Segundo ele, as negociações duraram nove meses, e o contrato de venda, que tem 20 páginas, inclui cláusulas de confidencialidade que impedem os antigos donos de falar em cifras. "Posso dizer que foram alguns gugóis de réis da época do Império", brinca. Gugol, que deu origem ao nome Google, é o termo matemático para o número 1 seguido de cem zeros.
Regueira, que completa hoje 54 anos, ganhou um generoso presente de aniversário. "A compra da Akwan é um exemplo emblemático. É uma excelente demonstração de que o "venture capital" [os investimentos de capital de risco] no Brasil funciona."
O Google, como a Akwan, nasceu da universidade e recebeu investimento de fundos de capital de risco. Para Regueira, a diferença que leva a americana a comprar a brasileira pode estar nos 40 anos que os EUA têm à frente do Brasil no "venture capital".
A Akwan mantinha o site de busca www.todobr.com.br, que desde ontem direciona o internauta para o Google. Alguns fundadores da empresa são criadores da ferramenta de busca Miner, adquirida em 1999 pelo UOL.


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