São Paulo, segunda-feira, 21 de julho de 2008

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Siderúrgicas dizem estudar retomada de produção, mas não têm projetos concretos

DA REPORTAGEM LOCAL

As projeções da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) têm atraído um modesto interesse das grandes siderúrgicas brasileiras. A reportagem da Folha procurou as três grandes siderúrgicas de capital nacional e perguntou por que elas não produzem trilhos no Brasil.
As respostas demonstraram apenas um interesse distante. Mesmo diante desse aparente desinteresse, algumas conversas preliminares já ocorreram com a associação nacional do setor ferroviário. Segundo Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da ANTF, a entidade tem recebido visitas de representantes da indústria siderúrgica que buscam informações sobre a demanda.
A Gerdau, maior grupo siderúrgico brasileiro, disse à reportagem da Folha que a demanda interna gerada pelos investimentos em expansão da malha nacional levou a empresa a organizar um grupo para estudar a possibilidade de produzir trilho no Brasil.
Em nota, o grupo informou que "a Gerdau está avaliando a possibilidade de voltar a produzir trilhos, considerando a nova realidade do setor ferroviário no Brasil".
A empresa alega que ainda não tem definição sobre o assunto, tampouco indica quando isso poderá ocorrer, tanto para confirmar o interesse como para descartar a idéia.

Baixo investimento
A Açominas, siderúrgica hoje controlada pela Gerdau, já produziu trilhos na década de 90. Mesmo antes de a Gerdau assumir a unidade, a produção foi paralisada, em decorrência do ciclo de baixos investimentos do setor ferroviário.
Outra candidata a retornar a esse mercado é a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). O próprio presidente da companhia, Benjamin Steinbruch, já afirmou à imprensa que, entre os investimentos da siderúrgica em aços longos, a produção de trilho era uma das opções.
Questionada sobre eventual estudo, a CSN disse pouco, indicando que a produção de trilho, por ora, é um negócio ainda no campo das intenções.
O Sistema Usiminas, que congrega as usinas siderúrgicas de Ipatinga (MG) e da Cosipa (SP), demonstra ainda mais distância da produção nacional de trilhos. A empresa alega que o foco da Usiminas continua a ser a produção de aços planos, e não longos.
Mesmo assim, o Sistema Usiminas tem um projeto de produção de 5 milhões de toneladas de aço. Parte dessa produção pode ser transformada em aços longos, mas, por enquanto, nada indica que trilho faça parte dos projetos da companhia. É a posição oficial.
Na opinião do professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e especialista em siderurgia Marcelo Pinho, a indústria siderúrgica do país aguarda os sinais de uma "demanda firme".
"A projeção [de 400 mil toneladas por ano] é muito maior do que o volume que era habitualmente produzido, abaixo de 40 mil toneladas anuais nos anos 1990. Mesmo que se confirme, dificilmente seria uma demanda firme, um volume que se repetiria regularmente", afirma Pinho. (AB)


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