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FMI vai injetar US$ 250 bi nas reservas de países-membros
Dinheiro será liberado na forma de SDR, a "moeda" do Fundo; Brasil terá US$ 3 bi
Proposta será votada em
agosto; países ficarão livres
para manter os valores no
FMI ou para convertê-los em
dólares, euros, ienes ou libras
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) votará em agosto proposta para injetar US$
250 bilhões adicionais nas reservas internacionais de seus
186 países-membros. O valor
destinado ao Brasil é de cerca
de US$ 3 bilhões.
O dinheiro sairá do chamado
SDR (direito especial de saque,
na sigla em inglês) e será distribuído proporcionalmente levando em conta a cota que cada
país tem no FMI. Há 30 anos
esse dinheiro está "parado" nos
cofres do Fundo.
O SDR é a "moeda" que representa os valores com que o
FMI trabalha. Ele foi criado em
1969 para sustentar o sistema
de câmbio fixo acordado em
Bretton Woods na década de 40
em substituição ao chamado
"padrão ouro-dólar".
Poucos anos depois, quando
o sistema de câmbio flutuante
passou a predominar, o SDR
tornou-se representativo somente das reservas proporcionais de cada país no Fundo.
Na prática, portanto, o FMI
estará recolocando esse dinheiro à disposição dos países. O valor do SDR é calculado com base em uma cesta de moedas
(dólares, euros, ienes e libras).
Um SDR equivale a US$ 1,55.
China, Rússia e Índia já se
manifestaram favoráveis à ampliação do papel do FMI e dos
SDRs como alternativa para diversificar a aplicação de suas
reservas, hoje largamente denominadas em dólares.
A decisão de transferir os
US$ 250 bilhões é inédita e requer a aprovação de 85% dos
votos dos países-membros.
Mas é dada como certa pois foi
acordada entre os representantes do G20 (representantes das
maiores economias do mundo)
em abril como forma de ampliar a liquidez na crise global.
Os países emergentes e em
desenvolvimento devem receber cerca de US$ 100 bilhões do
total. A medida também abre a
possibilidade para que os países usem o dinheiro em programas de investimentos ou para
ajudar vizinhos em dificuldade.
"É uma resposta excepcional
ao que percebemos como uma
crise excepcional", disse em teleconferência ontem Isabelle
Mateos y Lago, do departamento de política e análise do FMI.
Como maior sócio do FMI, os
EUA terão direito a US$ 42,6
bilhões. A China, a US$ 9 bilhões; a Rússia, a US$ 6,6 bilhões; e a Índia, a US$ 4,5 bilhões. Os países ficarão livres
para manter os valores no FMI
e em SDRs, se quiserem, ou para convertê-los em dólares, euros, ienes ou libras.
Embora os US$ 250 bilhões
representem cerca de 3% das
reservas internacionais, Mateos y Lago sugeriu que a decisão "é um entre os vários passos necessários" na direção de
ampliar o papel do FMI na gestão de reservas internacionais
por meio dos SDRs.
Desde a repentina piora da
economia global, com a queda
do Lehman Brothers, em 15 de
setembro de 2008, o FMI vem
tentando recuperar um papel
central que havia ficado desgastado nos últimos anos.
A partir da quebra do Lehman, o Fundo já aprovou programas de socorro a 18 países,
em um total de US$ 151,4 bilhões, e vem tomando decisões
em conjunto com seus principais membros para ampliar o
volume de seus recursos.
Entre elas, deverá emitir um
novo tipo de título que países
poderão comprar para reforçar
o caixa do Fundo ao mesmo
tempo em que ficarão livres para contabilizar os valores como
reserva internacional líquida.
O Fundo planeja ainda reformar o sistema de cotas para dar
mais voz aos emergentes e
aprovou linhas de credito às
quais os países podem ter acesso sem as tradicionais condicionalidades de seus programas.
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