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EM TRANSE
Investimento estrangeiro em fundos de ações cai para o menor nível desde 93; Brasil puxa deterioração na América Latina
Fundos latinos têm maior perda desde 92
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O dinheiro aplicado por investidores internacionais em fundos
de ações das Bolsas da América
Latina não era tão baixo desde
1993, segundo relatório de pesquisa divulgado pela corretora
norte-americana Merrill Lynch.
No final da semana passada, o
valor dos ativos (das ações desses
fundos) era de US$ 861 milhões.
No final de 1997, durante o auge
dos investimentos dedicados em
Bolsas da América Latina, havia
US$ 4,36 bilhões em tais fundos.
A média de saques desses investimentos nas quatro semanas anteriores a 14 de agosto foi a maior
desde 1992, quando a corretora
começou a realizar esses levantamentos. Somente na última semana, US$ 23,8 milhões saíram desses fundos.
"É uma situação de quase pânico", disse à Folha Robert Berges,
estrategista-sênior do Latin American Equity da Merrill Lynch.
Segundo o relatório, "pela primeira vez há uma sensação de pânico entre os investidores de varejo nos Estados Unidos com relação aos ativos na América Latina". As turbulências no Brasil teriam sido a principal causa do
movimento verificado nas últimas semanas nesses fundos.
"O contínuo desempenho negativo (desses fundos) e a visibilidade crescente do Brasil na mídia
explicam a aceleração (dos resgates) que vimos nas duas últimas
semanas", diz o relatório.
O relatório da Merrill Lynch
mostra que o resgate líquido desses fundos (calculados com base
na porcentagem dos ativos sob
administração) estão mais altos
do que durante a crise do peso
mexicano, no final de 1994, do
que nas semanas posteriores aos
ataques de 11 de setembro e depois do colapso da economia argentina, em dezembro passado.
O estudo não cita dados específicos de cada país. No entanto, um
estudo publicado recentemente
pela Thomson Invest Tracker
mostrou que os resgates por investidores locais no Brasil alcançaram US$ 11,6 bilhões na primeira metade deste ano.
Fundo dedicados são "clubes"
de investimento criados para investimentos exclusivos em uma
região específica. Os da América
Latina foram criados no começo
dos anos 90, quando as reformas
de mercado na região indicavam
um retorno econômico positivo.
Existem outros fundos com
perfil semelhante, só que para todos os países emergentes -chamados de GEM (Mercados Emergentes Globais). Não são restritos
a uma região específica e, diferentemente dos fundos dedicados à
América Latina, que sofreram
desvalorização de 30% em dólar
durante 2002, os GEM tiveram
desempenho positivo no ano.
Berges disse à Folha que é difícil
saber se os investidores voltarão
em breve às Bolsas da região.
"Não sei se esse processo é de curto ou longo prazo."
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