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Inflação futura revela que juro real ainda é alto, diz instituto dos EUA
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
A decisão do Copom surpreendeu o mais conceituado instituto
de finanças internacionais dos Estados Unidos.
Frederick Jasperson, diretor para a América Latina do IIF (Institute of Internacional Finance),
acha, no entanto, que os fundamentos atuais justificam a decisão. "Daqui em diante, no entanto, o Banco Central terá de ter
uma atenção redobrada", diz.
A seguir, a entrevista de Jasperson à Folha.
Folha - O que o sr. achou do tamanho do corte na taxa?
Frederick Jasperson - Surpreendeu-me. Esperava uma redução
de 1,5 ponto ou 2 pontos percentuais, no máximo. Os juros continuam sendo o grande assunto no
Brasil e, quanto mais rápido caírem, melhor para o crescimento.
A inflação vem caindo de forma
consistente, e a economia real talvez esteja sofrendo mais do que
deveria. Por outro lado, creio que
o Banco Central esteve certo o
tempo todo ao esperar com muita
paciência para ver o que de fato
estava acontecendo. As coisas estão mais claras agora. Os fundamentos atuais justificam a redução dos 2,5 pontos que foi feita,
mas a grande preocupação agora
-e tenho certeza que a equipe
econômica brasileira estará levando em conta- é saber, daqui em
diante, o que será muito rápido
ou não. Se a taxa de juros for reduzida de maneira muito abrupta,
existe a possibilidade de haver
uma retomada da inflação. Além
disso, com os juros indo na direção inversa nos EUA, numa tendência de alta, o Brasil pode ter algum problema de saída de capitais além do desejado, com impactos no balanço de pagamentos
e no câmbio.
Folha - Com a inflação caindo,
22% ao ano ainda não é muito?
Jasperson - Depende. Se olharmos para a inflação passada, a taxa não é tão alta assim, de cerca de
5% ao ano, o que não é muito. Se
olharmos para a inflação futura, o
juro real realmente está alto. Mas
isso depende muito da maneira
como o mercado avalia, que é
uma combinação do passado e do
futuro. Não creio que os 2,5 pontos tenham sido uma decisão errada, mas acredito que a equipe
econômica, em quem confio muito, deverá agora prestar atenção
redobrada nos indicadores gerais
antes de dar um novo passo.
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