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São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003

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Inflação futura revela que juro real ainda é alto, diz instituto dos EUA

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

A decisão do Copom surpreendeu o mais conceituado instituto de finanças internacionais dos Estados Unidos.
Frederick Jasperson, diretor para a América Latina do IIF (Institute of Internacional Finance), acha, no entanto, que os fundamentos atuais justificam a decisão. "Daqui em diante, no entanto, o Banco Central terá de ter uma atenção redobrada", diz.
A seguir, a entrevista de Jasperson à Folha.

Folha - O que o sr. achou do tamanho do corte na taxa?
Frederick Jasperson -
Surpreendeu-me. Esperava uma redução de 1,5 ponto ou 2 pontos percentuais, no máximo. Os juros continuam sendo o grande assunto no Brasil e, quanto mais rápido caírem, melhor para o crescimento. A inflação vem caindo de forma consistente, e a economia real talvez esteja sofrendo mais do que deveria. Por outro lado, creio que o Banco Central esteve certo o tempo todo ao esperar com muita paciência para ver o que de fato estava acontecendo. As coisas estão mais claras agora. Os fundamentos atuais justificam a redução dos 2,5 pontos que foi feita, mas a grande preocupação agora -e tenho certeza que a equipe econômica brasileira estará levando em conta- é saber, daqui em diante, o que será muito rápido ou não. Se a taxa de juros for reduzida de maneira muito abrupta, existe a possibilidade de haver uma retomada da inflação. Além disso, com os juros indo na direção inversa nos EUA, numa tendência de alta, o Brasil pode ter algum problema de saída de capitais além do desejado, com impactos no balanço de pagamentos e no câmbio.

Folha - Com a inflação caindo, 22% ao ano ainda não é muito?
Jasperson -
Depende. Se olharmos para a inflação passada, a taxa não é tão alta assim, de cerca de 5% ao ano, o que não é muito. Se olharmos para a inflação futura, o juro real realmente está alto. Mas isso depende muito da maneira como o mercado avalia, que é uma combinação do passado e do futuro. Não creio que os 2,5 pontos tenham sido uma decisão errada, mas acredito que a equipe econômica, em quem confio muito, deverá agora prestar atenção redobrada nos indicadores gerais antes de dar um novo passo.


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