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TRABALHO
Taxa de desemprego oscila para baixo em julho, passando de 13% para 12,8%, mostra IBGE
Renda cai pela 7ª vez; queda é recorde
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
A renda real do brasileiro que
trabalha caiu pela sétima vez consecutiva em julho deste ano, na
comparação com o mesmo mês
do ano anterior. A taxa de desemprego se estabilizou, com leve oscilação para baixo.
A redução da renda foi de
16,4%, recorde da pesquisa do
IBGE iniciada em outubro de
2001. O recorde anterior havia sido 14,7%, em maio deste ano. Já a
taxa de desemprego de julho ficou
em 12,8%, contra o recorde de
13% registrado em junho.
Para o IBGE, os números do desemprego indicam uma estabilidade na alta, com perspectiva de
que a curva da taxa, que era ascendente desde janeiro deste ano, esteja entrando em declínio, seguindo um movimento típico do segundo semestre, quando, historicamente, o desemprego é menor.
A queda da renda real foi pressionada, principalmente, por
uma redução de 21,1% dos rendimentos dos trabalhadores por
conta própria. Mesmo sem desconto da inflação, a renda dos trabalhadores por conta própria recuou 6,8% em julho.
Segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da PME (Pesquisa
Mensal de Emprego) do IBGE, o
trabalhador por conta própria "é
extremamente dependente da dinâmica da economia". Quando a
economia não vai bem, as pessoas
tendem a cortar a contratação de
serviços, atingindo diretamente
esse mercado.
Em julho, os trabalhadores com
carteira assinada tiveram redução
de 11,3% nos seus rendimentos
reais (aumento de 5% em termos
nominais). Os empregados sem
carteira assinada perderam 12,7%
em termos reais (ganho de 3,4%
em termos nominais). Em valores
absolutos, a renda média real das
pessoas ocupadas caiu de R$
996,92 em julho de 2002 para R$
833,50 no mês passado.
Segundo cálculo feito pela Folha, a queda foi tão grande que,
mesmo tendo havido no período
um aumento de 757 mil pessoas
na população ocupada das seis regiões metropolitanas que fazem
parte da pesquisa do IBGE (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio
de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), a massa de rendimentos recebida caiu 12,8%.
Em julho do ano passado, 17,581
milhões de pessoas receberam R$
17,527 bilhões em rendimentos.
No mesmo mês deste ano, 18,338
milhões de pessoas receberam
apenas R$ 15,285 bilhões.
A massa de rendimentos é um
fator determinante para o ritmo
de atividade econômica. O IBGE
não calcula a massa de rendimentos, alegando que problemas na
coleta de dados podem distorcer
o número final.
Inflação
Para o economista José Márcio
Camargo, da PUC-RJ (Pontifícia
Universidade Católica do Rio de
Janeiro) e da consultoria Tendências, a queda elevada dos rendimentos "está intimamente associada ao aumento da inflação" verificado a partir do segundo semestre de 2002, embora esteja
também associado ao efeito do
desemprego sobre os salários. Para ele, tanto em termos de renda
como de emprego, o país "está
passando pelo fundo do poço".
O economista Nélson Carneiro,
analista da consultoria Global Invest, de Curitiba, tem ponto de
vista diferente. Segundo ele, o desemprego cai sazonalmente a partir de abril (isso efetivamente
ocorreu em 2001), mas neste ano
isso só começou a ocorrer agora.
Para Carneiro, a redução dos juros ainda está sendo muito tímida
e terá pouco efeito na ponta do
consumo e da consequente reativação econômica.
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