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São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2003

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TRABALHO

Taxa de desemprego oscila para baixo em julho, passando de 13% para 12,8%, mostra IBGE

Renda cai pela 7ª vez; queda é recorde

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A renda real do brasileiro que trabalha caiu pela sétima vez consecutiva em julho deste ano, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. A taxa de desemprego se estabilizou, com leve oscilação para baixo.
A redução da renda foi de 16,4%, recorde da pesquisa do IBGE iniciada em outubro de 2001. O recorde anterior havia sido 14,7%, em maio deste ano. Já a taxa de desemprego de julho ficou em 12,8%, contra o recorde de 13% registrado em junho.
Para o IBGE, os números do desemprego indicam uma estabilidade na alta, com perspectiva de que a curva da taxa, que era ascendente desde janeiro deste ano, esteja entrando em declínio, seguindo um movimento típico do segundo semestre, quando, historicamente, o desemprego é menor.
A queda da renda real foi pressionada, principalmente, por uma redução de 21,1% dos rendimentos dos trabalhadores por conta própria. Mesmo sem desconto da inflação, a renda dos trabalhadores por conta própria recuou 6,8% em julho.
Segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE, o trabalhador por conta própria "é extremamente dependente da dinâmica da economia". Quando a economia não vai bem, as pessoas tendem a cortar a contratação de serviços, atingindo diretamente esse mercado.
Em julho, os trabalhadores com carteira assinada tiveram redução de 11,3% nos seus rendimentos reais (aumento de 5% em termos nominais). Os empregados sem carteira assinada perderam 12,7% em termos reais (ganho de 3,4% em termos nominais). Em valores absolutos, a renda média real das pessoas ocupadas caiu de R$ 996,92 em julho de 2002 para R$ 833,50 no mês passado.
Segundo cálculo feito pela Folha, a queda foi tão grande que, mesmo tendo havido no período um aumento de 757 mil pessoas na população ocupada das seis regiões metropolitanas que fazem parte da pesquisa do IBGE (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), a massa de rendimentos recebida caiu 12,8%.
Em julho do ano passado, 17,581 milhões de pessoas receberam R$ 17,527 bilhões em rendimentos. No mesmo mês deste ano, 18,338 milhões de pessoas receberam apenas R$ 15,285 bilhões.
A massa de rendimentos é um fator determinante para o ritmo de atividade econômica. O IBGE não calcula a massa de rendimentos, alegando que problemas na coleta de dados podem distorcer o número final.

Inflação
Para o economista José Márcio Camargo, da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) e da consultoria Tendências, a queda elevada dos rendimentos "está intimamente associada ao aumento da inflação" verificado a partir do segundo semestre de 2002, embora esteja também associado ao efeito do desemprego sobre os salários. Para ele, tanto em termos de renda como de emprego, o país "está passando pelo fundo do poço".
O economista Nélson Carneiro, analista da consultoria Global Invest, de Curitiba, tem ponto de vista diferente. Segundo ele, o desemprego cai sazonalmente a partir de abril (isso efetivamente ocorreu em 2001), mas neste ano isso só começou a ocorrer agora.
Para Carneiro, a redução dos juros ainda está sendo muito tímida e terá pouco efeito na ponta do consumo e da consequente reativação econômica.


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