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PERSONALIDADE
Pioneiro, foi o criador das feiras comerciais
DA REDAÇÃO
Criador de eventos como a Fenit, o Salão do Automóvel e a UD,
construtor do parque Anhembi
(SP), complexo de exposições de
50 hectares, ora em fase de expansão, Caio de Alcantara Machado
foi o pioneiro das feiras comerciais no Brasil.
Nascido em São Paulo no dia 30
de abril de 1926, graduou-se em
direito pela USP. Sua carreira profissional, porém, começou bem
antes do ingresso na faculdade,
quando, aos 14 anos, foi trabalhar
no cartório de protestos do pai, o
deputado Brasílio Machado Neto.
Homem de marketing e de vendas, publicitário, foi o empreendedor incansável e bem-humorado, que ganhou títulos como a Legião de Honra da França, recebida
em 1976, e os prêmios publicitários Clio Awards, em 1978 e 1979.
Assumiu, em 1962, a presidência da Folha, por três meses,
quando os empresários Octavio
Frias de Oliveira, Carlos Caldeira
Filho, Flávio Noschese e Quirino
Ferreira Neto adquiriram o jornal
do grupo integrado, entre outros,
por José Nabantino Ramos e Clóvis Medeiros de Queiroga.
Trajetória
Foi como pioneiro no setor de
exposições e de eventos que Caio
de Alcantara Machado inscreveu
seu nome no universo dos grandes empreendedores brasileiros.
Muito jovem, em 1947, foi levado pelo então ministro da Fazenda Gastão Vidigal, que era amigo
de seu pai, para trabalhar no FMI
(Fundo Monetário Internacional), vivendo um ano nos EUA.
Lá, tomou contato com o sucesso das grandes lojas de departamento nos anos do pós-Segunda
Guerra (1939/45) -e vislumbrou
a oportunidade de aplicar novas
técnicas gerenciais e de marketing
nas lojas Assumpção, que pertenciam à família de sua mãe, Luiza
Assumpção Machado, e que chegaram a ter 35 endereços. Outra
providência que tomou foi instalar televisores na loja-sede da rede
-a TV recém-chegava ao Brasil,
e os televisores, raros e caros,
atraíam a freguesia.
Em 1954, fundou, com o irmão
José, a Alcantara Machado Publicidade, "a primeira agência 100%
brasileira", num tempo em que a
publicidade era dominada por
multinacionais, mas se afastou da
empresa em 1956.
O sucesso veio dois anos depois,
quando organizou o seu primeiro
evento, a Fenit (Feira Nacional da
Indústria Têxtil). Criada em 1958,
a primeira Fenit foi aberta pelo
então presidente Juscelino Kubistchek, ao lado do governador
Jânio Quadros e do marechal
Henrique Teixeira Lott -e, a despeito do interesse que suscitou,
deu prejuízo. "Vai dar jacaré!", dizia, em alusão ao jogo do bicho.
Apesar do resultado contábil
negativo dos primeiros eventos,
Alcantara Machado não perdeu o
jeito brincalhão -e acreditou no
futuro do setor (virando, ironicamente, colecionador compulsivo
de imagens do réptil).
"A história das feiras começou
em 1957, quando um amigo meu
de Nova York, o Charles Snitow,
me deu a idéia de fazer eventos no
Brasil. Mas o fato é que perdi dinheiro com a Fenit até a sétima
edição", disse ele, em entrevista à
Folha, em meados de 2002.
Depois da Fenit, Caio de Alcantara Machado -cuja empresa organizou, ao todo, mais de 600 feiras- lançou, nos anos seguintes,
a Feira Mecânica Nacional, a UD
(Feira de Utilidades Domésticas),
o Salão do Automóvel e o Salão da
Criança, entre outros eventos.
Em 1966, por ocasião do 5º Salão do Automóvel, um jantar em
sua homenagem reuniu 1.078 pessoas. Foi então saudado pelo prefeito de São Paulo, Faria Lima:
"Minha missão é reiterar minha
admiração pelo trabalho de Caio,
cujo esforço interpreta a capacidade criadora de São Paulo".
Entre 1958 e 1970, ano em que as
feiras passaram a ser realizadas
no Anhembi, a Alcantara Machado Feiras e Promoções fez mais de
80 eventos no Pavilhão do Ibirapuera. A mudança dos eventos
para o Palácio de Exposições do
Anhembi, no entanto, não foi tarefa fácil. Quatro vezes maior do
que o local de eventos do Ibirapuera, o Anhembi acumulou prejuízos e foi transformado numa
autarquia da Prefeitura, em 1975.
O empresário presidiu também
o Instituto Brasileiro do Café
(IBC) no biênio 1968/1969. Adotou, então, uma agressiva política
de vendas -e o país bateu o recorde nacional de exportação de
café (na sua gestão, 19 milhões de
sacas foram vendidas ao exterior).
Em 1972, foi agraciado com a
medalha da Ordem do Rio Branco e realizou,também no Anhembi, a Brasil-Export 72.
Um ano depois, determinado a
aumentar a presença do Brasil no
mercado internacional, montou a
Brasil-Export 73, em Bruxelas
(Bélgica), evento que gerou negócios da ordem de US$ 300 milhões. Ainda em 1973, com Lee Iacocca, então presidente mundial
da Ford, foi eleito homem do ano
pela Câmara Brasileiro-Americana de Comércio.
Caio Francisco de Alcantara
Machado era casado com Maria
Cecília de Alcantara Machado,
com quem teve quatro filhos:
Caio Júnior, Maria Cristina,
Eduardo e Luiz Augusto. Deixa
também a filha Ana Tereza.
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