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INVESTIMENTOS
Desoneração de fundos de pensão visa incentivar poupança de longo prazo; mudanças devem entrar em vigor em 2005
Governo reduz tributo da previdência privada
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo divulgou ontem duas
novas medidas que resultarão em
redução da carga tributária e que
têm por objetivo estimular a formação de poupança de longo prazo. Desta vez, os beneficiários serão os aplicadores em fundos de
previdência complementar.
A primeira medida anunciada
pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) acaba, a partir de
2005, com um imposto de 12% sobre a parcela da contribuição do
empregador, no caso dos fundos
que contam também com a contribuição do empregado.
Também foi anunciada uma
nova tabela de Imposto de Renda
para planos de previdência a serem criados a partir do ano que
vem, que será regressiva. Ou seja,
quanto maior o prazo de aplicação do dinheiro, menor a alíquota
do imposto a ser pago.
As alíquotas de IR para a nova
modalidade irão de 35% até 10%,
dependendo do prazo em que os
recursos ficarem aplicados. No
momento de começar a receber o
benefício, porém, não haverá, como hoje, uma faixa de isenção
-atualmente em R$ 1.058.
Com isso, quem tiver um fundo
de previdência complementar ou
aderir a um novo terá de avaliar
em qual das modalidades pagará
menos imposto, já que a atual forma de tributação será mantida.
Para quem for receber uma
complementação de aposentadoria mensalmente dentro da faixa
de isenção, o melhor, hoje, seria
permanecer no fundo com as regras atuais. Mas, se seu benefício
for bem acima da faixa de isenção,
a nova regra será mais vantajosa.
No começo deste mês, o governo já havia anunciado uma série
de outras medidas de redução da
carga tributária, entre as quais
uma tabela regressiva de IR para
fundos de investimentos -aplicações feitas por mais tempo pagarão menos imposto.
Palocci disse que as novas regras para os fundos de pensão são
complementares às medidas que
haviam sido anunciadas para os
fundos de investimento. A idéia é
tornar mais atraente para os poupadores manter o dinheiro aplicado por mais tempo.
Assim, entre outros benefícios,
o Tesouro passa a ter mais facilidade para alongar o perfil da dívida pública, uma vez que tanto os
fundos de pensão quanto os de investimento são grandes compradores de títulos públicos.
Tabela regressiva
Hoje, o IR aplicado sobre os
fundos de previdência complementar segue a tabela progressiva
do imposto: até R$ 1.058, isento;
de R$ 1.058,01 a R$ 2.115, 15%; acima de R$ 2.115,01, 27,5%.
Com a medida anunciada, além
dessa modalidade, as instituições
financeiras e os fundos fechados
de previdência poderão oferecer
planos com uma nova tabela de
IR, com alíquotas regressivas de
acordo com o tempo em que os
recursos ficarem aplicados.
Segundo a proposta, que será
enviada ao Congresso nas próximas semanas, a alíquota começará em 35%. A cada dois anos, será
reduzida em cinco pontos percentuais, até o limite de 10%. Assim, quem mantiver os recursos
aplicados por dez anos ou mais
pagará somente 10% de IR.
Essas regras valem só para novos planos. Mas os fundos de pensão fechados (de trabalhadores de
um mesmo grupo empresarial) e
as instituições financeiras poderão definir regras de migração do
modelo antigo para o novo.
Sem dar detalhes, Palocci disse
que mais medidas de redução da
carga tributária estão em estudo
pelo governo. Segundo a Folha,
apurou, está em análise pela Receita a redução da alíquota de
PIS/Cofins que incide sobre a intermediação financeira. A iniciativa seria para tentar reduzir os juros cobrados pelos bancos.
O governo tem adotado medidas de alívio fiscal devido a sucessivos recordes de arrecadação. De
janeiro a julho, foram R$ 185,448
bilhões -crescimento de 9,37%
sobre o mesmo período de 2003.
Os resultados se devem, entre
outros fatores, a um aumento da
Cofins neste ano. Com o fim da
cumulatividade do tributo -cobrança em todas as etapas da produção-, a alíquota subiu de 3%
para 7,6%. A Fazenda nega que a
carga tributária tenha subido.
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