São Paulo, sábado, 21 de agosto de 2004

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BARRIL DE PÓLVORA

Preço em NY chega a US$ 49,40, mas fecha abaixo de US$ 48 com notícia de tensão menor no Iraque

Petróleo recua após encostar nos US$ 50

DA REDAÇÃO

Depois de se aproximar do patamar de US$ 50, o preço do petróleo fechou ontem em queda em Nova York com a perspectiva de redução dos conflitos na cidade iraquiana de Najaf.
Em mais um dia de volatilidade na Bolsa Mercantil de Nova York, o barril para entrega em setembro terminou com perda de 1,72%, a US$ 47,86. No início do dia, porém, a cotação chegou a US$ 49,40, maior valor "intraday" (que conta a variação durante o pregão) da história.
As cotações do petróleo em Nova York quebraram o recorde "intraday" em 15 dos últimos 16 pregões. Desde o início de 2004, a alta acumulada é de 57%.
A expectativa de menos conflitos em Najaf também afetou a Bolsa Internacional do Petróleo, em Londres, onde o barril do tipo Brent encerrou negociado a US$ 43,54, com redução de 1,78%.
Mas, apesar dos sucessivos recordes nominais, o preço do petróleo ainda está distante dos valores de crises anteriores.
Se ajustada pela inflação (em termos reais), a cotação do barril do tipo Brent chegou à casa de US$ 70 no fim dos anos 70. Era a época da Revolução Islâmica no Irã e, posteriormente, do início da guerra entre o país e o Iraque.
De acordo com esse mesmo parâmetro, os preços chegaram a cair para cerca de US$ 13 no fim dos anos 90, quando ocorreu a crise econômica na Ásia -os contratos futuros só começaram a ser negociados na Bolsa Mercantil de Nova York em 1983.

Tensão menor
"Parece que chegaremos a uma conclusão em Najaf, o que tranqüilizou os investidores e os levou a realizar lucros", disse Mike Fitzpatrick, da corretora Fimat.
Os seguidores do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, que combatem as tropas da coalizão liderada pelos EUA em Najaf, Karbala e outras cidades do sul do Iraque, entregaram ontem as chaves do mausoléu do imã Ali, onde estavam abrigados, aos representantes do grão-aiatolá Ali al Sistani, segundo o governo interino. Maior líder xiita do país, ele é mais moderado que Al Sadr.
Para analistas, um cessar-fogo na cidade sagrada de Najaf, onde conflitos intensos têm sido travados desde o início de agosto, poderia levar de volta a produção no Iraque de 1 milhão de barris por dia para 1,7 milhão.
No entanto a situação não está definida. A milícia de Al Sadr ainda controla Najaf, e a tensão continua no resto do país. Na quinta-feira, por exemplo, um atentado contra a sede da petrolífera South Oil, na cidade de Basra, no sul do país, havia levado as cotações a novos recordes.
O mercado ainda ignorou ontem as declarações do presidente da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Purnomo Yusgiantoro, que prometeu uma "solução significativa" para a próxima reunião da entidade, em setembro. Ele disse também que a Opep deverá se reunir com alguns dos principais países produtores que não são afiliados a ela para discutir uma saída.

Perturbação insuficiente
Também ontem, o secretário americano do Tesouro, John Snow, demonstrou descontentamento com o preço da commodity, mas reiterou que o governo não pretende utilizar as reservas americanas -ele disse que a perturbação no mercado ainda não é suficiente para fazê-lo. "Existe um excesso nos preços atuais do petróleo em relação aos fundamentos da economia", afirmou.


Com agências internacionais

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