|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Receita tributária federal cresce quase 4 vezes a inflação
Para um avanço de 2,8% do IPCA entre janeiro e agosto deste ano, arrecadação aumenta 10,7% no mesmo período
Receita Federal diz que não há alta da carga tributária, mas expansão econômica
e maior eficiência do órgão
no combate a sonegadores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A arrecadação de tributos federais somou R$ 385,8 bilhões
entre janeiro e agosto. Na comparação com igual período de
2006, o resultado é 10,7%
maior e novo recorde histórico
para o período -o avanço é
quase quatro vezes os 2,8% do
IPCA no ano. Apesar da alta, a
Receita Federal rejeita a avaliação de que há aumento da carga
tributária e explica o resultado
com a expansão da economia e
a maior eficiência do órgão.
Conforme os números da Receita divulgados ontem, os brasileiros pagaram R$ 1,588 bilhão em impostos em cada um dos 243 dias desses oito meses.
No relatório divulgado ontem, o que mais chama a atenção é a alta da arrecadação ligada à produção e aos importados. Os itens crescem em ritmo
superior à média. "É reflexo da
atividade econômica somada
ao dólar fraco", diz Roberto Piscitelli, professor da UnB.
Esse impacto é visto em diversos tributos. A arrecadação
do IPI, por exemplo, aumentou
14,3% no acumulado do ano na
comparação com igual período
do ano passado.
Em igual trajetória, o Imposto de Renda das empresas cresceu 15,6% e a CSLL (contribuição sobre o lucro), 15%. Nos importados, o Imposto de Importação avançou 14,5% e o IPI
desses produtos, 20,4%.
A CPMF, o tributo do cheque, levou no período R$ 23,8
bilhões aos cofres públicos. O
valor é 11,2% maior do que o observado entre janeiro e agosto
do ano passado. Atualmente, o
governo se esforça para tentar
aprovar a prorrogação da contribuição, cujo prazo de vigência termina em 31 de dezembro.
Na Câmara, o texto teve a primeira aprovação na quarta-feira. O argumento do governo é
que é impossível abrir mão dos
quase R$ 40 bilhões anuais de
arrecadação previstos com a
CPMF em 2008 (neste ano devem ser R$ 36 bilhões).
Sobre a chance de redução da
alíquota da CPMF ou a desoneração de outros setores da economia, o secretário-adjunto da
Receita, Carlos Alberto Barreto, diz que essa não é uma decisão do órgão. "Isso depende do
ponto de vista da execução da
despesa e do equilíbrio macroeconômico", afirma, ao citar que
o corte de impostos só acontece
quando há folga gerada por despesas menores. "Essa é uma decisão política."
Fatores atípicos
Mas não é apenas a atividade
econômica aquecida que tem
ajudado a Receita. O secretário-adjunto destacou positivamente o efeito atípico de três
fontes, que têm apresentado
resultado bastante superior à
média: 1) aumento de 63% no
volume de depósitos judiciais,
que somaram R$ 6,2 bilhões no
período; 2) alta de 1.026% da
arrecadação gerada pela venda
da participação acionária de
empresas, que acumulou R$
2,141 bilhões em apenas dois
meses (junho e agosto) na comparação com igual período de
2006; 3) arrecadação 135%
maior no Imposto de Renda pago por pessoas físicas por ganho na venda de bens e de ações
na Bolsa de Valores.
Barreto explica o primeiro
fator atípico pela atuação mais
forte da Receita. Para os outros
dois itens, ele cita a expansão
econômica e observa que apenas quatro empresas foram
responsáveis pelo salto de mais
de 1.000% no IR e CSLL por
venda de participação acionária. "Não temos garantia de que
isso vá se repetir no futuro."
Texto Anterior: Correios: Justiça mantém proposta para acabar greve Próximo Texto: Conselhão diz desconhecer projeto tributário Índice
|