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FolhaInvest
Analistas têm dúvidas sobre atual patamar da Bovespa
Bolsa paulista acumula valorização de 62% no ano, e pode haver realização de lucro
Entre analistas do mercado, há quem veja forte alta
no longo prazo e quem estime queda abrupta por causa de fatores externos
FABRICIO VIEIRA
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bolsa de Valores de São
Paulo superou os 60 mil pontos
na semana passada, o que não
ocorria desde julho de 2008.
Muitos analistas esperavam
que tal patamar fosse atingido
apenas próximo do final do
ano. Nesse nível, surgiu a dúvida: há mais espaço para alta na
Bolsa ainda neste ano?
A valorização da Bolsa em
2009 alcança os 61,7%. Se o ano
acabasse agora, teria sido o segundo melhor da década, perdendo apenas para a alta de
97,3% registrada em 2003,
após o forte mergulho com as
tensões eleitorais de 2002.
Apesar de esperarem que a
tendência de alta se mantenha,
os analistas ponderam que alguns tombos devem ocorrer até
o final do ano, como forma de
os investidores embolsarem lucros acumulados e ajustarem
os preços de ações que, talvez,
tenham subido demais.
O patamar "correto" da Bovespa foi um dos assuntos mais
discutidos na Expo Money, feira de investimentos pessoais
ocorrida na semana passada
em São Paulo.
Para Gustavo Cerbasi, escritor de livros sobre investimentos pessoais, a recente alta da
Bolsa tornou o ambiente arriscado para novos entrantes.
"Minha sensação é de incômodo [com a sustentabilidade da
alta]. Estou feliz com a alta, ganhei muito dinheiro, mas me
assusta esse ganho rápido, que
abre espaço para correções."
Na avaliação de Didi Aguiar,
analista grafista da corretora
Icap, a Bolsa tem condições de
se manter relativamente em alta até a casa de 66 mil pontos do
Ibovespa, antes de ceder a uma
forte correção de preços, que
poderia levar o índice para 61
mil. "Até agora as correções
que a gente tem tido são todas
sem-vergonha. Essa próxima
será mais corpulenta. O mercado nunca anda direto; não sobe
reto nem cai reto", disse.
Segundo analistas, é importante lembrar que, apesar da
escalada dos últimos meses, o
Ibovespa está um pouco distante de sua máxima histórica, de
73.516 pontos, alcançado em 20
de maio de 2008. A Bolsa ainda
teria de subir mais de 21% para
quebrar esse recorde.
Como a economia mundial
está apenas dando seus primeiros passos para sair da recessão, há quem defenda que as
Bolsas subiram demais.
As principais Bolsas mundiais estão com ganhos neste
ano. Em dólares, a Bovespa registra apreciação de 109,3%. A
Bolsa da Rússia já subiu 89,6%.
No México, a alta é de 40,3%.
Dentre os maiores mercados
do mundo, a Bolsa de Londres
tem ganhos de 30,2% em dólares. E a Bolsa eletrônica Nasdaq, nos EUA, referência de alta tecnologia, registra valorização de 35,25% em 2009.
Nesse cenário, não faltam
analistas com visão mais pessimista. Eles apontam o risco de
nova bolha estar em formação.
Isso significa que os preços de
muitos ativos estariam subindo
sem fundamento e poderiam
desmoronar de repente.
De 15 mil a 150 mil
No longo prazo, porém, Didi
Aguiar aposta que o Ibovespa
poderá chegar em 150 mil pontos até 2012. O principal argumento, segundo ele, é que os retornos mensais da Bolsa voltaram aos patamares anteriores à
crise, o que permite uma sustentação maior de longo prazo.
"Os mercados terão um período longo de alta. O dólar deve fechar o ano em R$ 1,72, mas
pode cair a até R$ 1,46 em três a
quatro anos. Os juros vão cair
mais um pouco, mas não muito
mais do que o atual [8,75%]."
Para Fausto Botelho, grafista
da Enfoque, no entanto, o rumo
dos negócios na Bolsa é nitidamente de queda, depois da recuperação após a crise. Pessimista, ele ressalva que o Ibovespa poderá ter quedas fortes
com eventos inesperados e descer até entre 10 mil e 15 mil
pontos, dependendo do dólar.
"As pessoas precisam saber
que isso é uma possibilidade
real e que [a queda] pode ser
imediata. É uma falácia dizer
que o pior passou e que, no longo prazo, a alta da Bolsa é garantida. Tudo vai depender da
economia dos EUA. Deram
uma injeção de adrenalina ao
morto", disse Botelho.
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