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Grandes empresas brasileiras fazem pouco, diz pesquisa
Em enquete global feita com 500 companhias, sete representantes brasileiras ganham média baixa
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
Apesar de se declararem
preocupadas com as mudanças
climáticas, as empresas brasileiras pouco têm feito para contabilizar e reduzir suas emissões de gás carbônico, o principal gás de efeito estufa. A conclusão é de um relatório a ser
divulgado hoje, que avalia as
ações climáticas das 500 maiores empresas do mundo.
O chamado relatório Global
500 é produzido anualmente
pelo CDP (Carbon Disclosure
Project), ONG que representa
grupo de 475 grandes investidores. Esse grupo, cujos ativos
somam US$ 55 trilhões, manda
questionários às grandes empresas pedindo informações
sobre seus inventários de emissão de gases-estufa e suas ações
para reduzi-los. As respostas
são totalmente voluntárias.
O questionário deste ano foi
enviado a sete empresas brasileiras. A boa notícia é que 100%
delas responderam -a média
global foi de 82%. A má é que o
grau de transparência médio
das empresas foi baixo: no índice criado pelo CDP, o Brasil teve 46 pontos numa escala de
100, acima apenas de China,
Taiwan e Cingapura.
A Petrobras, das sete empresas brasileiras (AmBev, Vale,
Itaú, Bradesco, Eletrobrás e
Banco do Brasil), foi quem teve
o pior desempenho, ao lado do
Itaú (44 pontos). A estatal optou por divulgar dados de suas
emissões só para investidores.
"Não é um resultado espetacular em relação ao mundo.
Muitas empresas têm desempenhos mais altos. Mas, para
um mercado emergente, como
o Brasil, é um resultado razoável", disse à Folha Paul Simpson, coordenador do relatório.
A Vale, por outro lado, teve
74 pontos, mais do que a média
das empresas dinamarquesas
-um índice considerado "impressionante" por Simpson.
Segundo ele, as empresas de
mercados emergentes, como
Brasil e China, não têm obrigação de reportar ou controlar
suas emissões, já que esses países estão desobrigados de metas pelo Protocolo de Kyoto.
Pela primeira vez, o CDP incluiu no relatório um índice de
desempenho. Ele mede se as
empresas adotam metas, se
dialogam com os formuladores
de políticas públicas e se produzem inovação tendo em vista
mudanças climáticas. Nesse
quesito, as brasileiras também
vão mal, na média: têm 38 pontos, abaixo das indianas.
O relatório mostra aumento
no interesse das empresas em
reportar suas emissões. A taxa
de resposta mundial subiu de
77% em 2008 para 82%, apesar
da crise. "Isso mostra que a
mudança climática está ficando mais importante para os negócios", disse Simpson.
Também aumentou o número de empresas que declaram
suas metas de redução de emissões: foram 257 (51% do total)
contra 206 (41% do total) no
ano passado. Os empresários,
segundo o CDP, estão buscando tanto vantagens de mercado
-como ganhos de eficiência-
quanto de marketing, mas também querem se antecipar a regulamentações futuras.
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