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CONJUNTURA
Analistas recomendam que dinheiro seja aplicado em investimentos que acompanham trajetória dos juros
Inflação em alta pede aplicação pós-fixada
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Estudo do Bank of America sobre o impacto do câmbio na inflação mostra que, nos últimos meses, o IPCA já está perto dos 10%
ao ano por conta da alta do dólar.
O levantamento mostra também
que a disparada da moeda americana demora três meses para afetar a inflação. Nesse cenário, a dica de analistas consultados pela
Folha é investir nas aplicações
pós-fixadas.
Para Marcelo Carvalho, chefe de
pesquisa macroeconômica para a
América Latina do Bank of America, o atual nível do câmbio -na
sexta-feira fechou a R$ 3,87, após
bater em R$ 4 no dia 10- sugere
que a inflação no início de 2003
será alta. "Há uma grande correlação entre câmbio e inflação."
O banco analisou a média móvel trimestral dos preços (os últimos três meses contra os três meses imediatamente anteriores)
anualizada. Pelo cálculo, em setembro, a inflação batia em
9,22%. Isso não significa que a inflação acumulada no ano fechará
nesse patamar, mas mostra o rumo que os preços estão tomando.
A projeção do Bank of America
é que o IPCA feche pouco acima
de 8% neste ano e atinja 15% no final de 2003. "O grande risco para
as aplicações financeiras no próximo ano não é um improvável
calote na dívida interna ou a volatilidade [oscilação" dos ativos,
mas a inflação", diz Carvalho.
A disparada do dólar e o aumento da taxa básica de juros, a
Selic, na segunda-feira passada,
fez outras importantes instituições financeiras reverem suas
projeções para 2003.
O JP Morgan projeta inflação de
15% para o IPCA. O ABN Amro,
de 9% a 10% para o IGP-M, enquanto o IPCA ficaria em um dígito. A projeção do Unibanco é de
inflação de 9% para o IPCA e de
15% para o IGP-M.
O Deutsche Bank mantém as
previsões do início deste semestre
por considerar que o BC vem tomando medidas para conter a inflação. Para o banco, o IPCA ficaria em 7,6% no ano que vem.
Segundo analistas ouvidos pela
Folha, apesar da discrepância entre as projeções, todas apontam
para inflação em alta. Por isso, é
hora de buscar abrigo.
O primeiro passo é não deixar
recursos parados em conta corrente. "Em um cenário de inflação
alta, quem não está em alguma
aplicação terá o dinheiro corroído", diz Marcos Buckton, diretor
de captação do Unibanco.
Inflação em alta pede uma política de juros altos, dizem os manuais de economia, e é o que o
Banco Central está fazendo.
"Uma inflação de dois dígitos pede juros de dois dígitos", diz Marcelo D'Agosto, diretor do site financeiro Fortuna.
Embora a maioria dos analistas
afirme não esperar nova puxada
na Selic nesta semana, quando
acontece a reunião ordinária do
Copom (Comitê de Política Monetária do BC), eles dizem que é
provável que ocorram novos aumentos até dezembro.
"Novembro será um mês muito
ruim. Além de o cenário pós-eleição poder gerar ruídos, caso a nova equipe econômica seja anunciada e não agrade ao mercado, o
externo também promete turbulências com o risco crescente de
ataque americano ao Iraque", diz
Jorge Simino, diretor do Unibanco Asset Management.
"Isso afetará o preço do petróleo
e haverá pressão por aumento do
combustível, o que fará a inflação
subir." Nesse cenário, diz Simino,
dificilmente o BC deixará de aumentar os juros.
Por isso, os analistas recomendam as aplicações pós-fixadas como forma de proteção, pois elas
acompanharão a trajetória dos juros. Estão nesse caso os CDBs
(Certificados de Depósitos Bancários), os fundos DI e os títulos públicos vendidos pelo Tesouro Direto, principalmente as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro) e os
papéis indexados ao IGP-M. O
Tesouro Direto é um sistema de
negociação de títulos federais
criado no início do ano para pequenos investidores.
A dica para quem investe em
CDBs é buscar os pós-fixados de
prazo mais longo. "Eles acompanham razoavelmente a taxa de juro e, por serem de prazo maior,
não exigem reaplicação mensal e
pagamento da CPMF a cada reaplicação", diz o consultor e professor da FGV, William Eid.
Para quem optar por fundos DI,
Eduardo Castro, gerente de renda
fixa do ABN Amro Asset Management, recomenda que o investidor pergunte, antes de aplicar,
qual é o prazo médio dos títulos
públicos que o fundo carrega.
"Prefira os que têm LFTs que
vencem até o primeiro trimestre
de 2003." Esses papéis estão pagando o equivalente a 111% do
CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é o juro médio
praticado entre os bancos.
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