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TENSÃO PRÉ-COPOM
Câmbio menos volátil e risco-país menor levam projeções de corte na Selic a até 1,5 ponto percentual
Indicador melhor faz analista ver juro menor
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A melhora de importantes indicadores financeiros -como o recuo do câmbio e do risco-país- e
o início de retomada da atividade
econômica alimentam as apostas
dos analistas em um corte entre 1
ponto e 1,5 ponto percentual na
taxa básica de juros, a Selic. O Copom (Comitê de Política Monetária) divulga amanhã a nova taxa.
A consultoria Tendências projeta um crescimento de 4,7% da
produção industrial de julho a setembro. O crescimento, segundo
Juan Jensen, economista da empresa, está sendo puxado pelo setor de bens duráveis -especialmente automóveis, cujas vendas
aumentaram 14% na primeira
quinzena de outubro em relação a
igual período de setembro.
"Uma inflação bem comportada, o aquecimento da produção
de bens duráveis e o fato de o juro
real ainda estar muito alto nos leva a projetar um corte de 1,5 ponto percentual na Selic nesta reunião do Copom", diz Jensen.
Na última reunião, em setembro, o Copom reduziu a taxa básica de juros em dois pontos percentuais. Cortes dessa proporção
não deverão ocorrer mais, segundo os analistas. "O BC continuará
conservador e os próximos cortes, até o final do ano, ficarão em
0,5 ponto percentual", afirma Jorge Simino, diretor da UAM (Unibanco Asset Management).
A UAM, como a maioria das
instituições ouvidas pela Folha,
espera uma redução de um ponto
percentual na Selic. Também prevêem um corte de um ponto percentual os empresários Roberto
Setubal, presidente do Banco Itaú,
e José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM no Brasil.
Segundo Simino, o BC vai calibrar os juros, daqui para a frente,
de olho em 2004. "Entre março e
abril, a economia estará respondendo à trajetória de corte das taxas iniciada em junho", diz.
A preocupação do BC, neste
momento, é evitar uma explosão
de demanda e mais inflação no segundo semestre de 2004.
Cristiano Oliveira, economista
do banco Schahin, diz que a menor volatilidade do câmbio e a
queda do risco-país, de 657 pontos em 17/9 para 607 pontos ontem, levaram o mercado a rever
suas projeções de inflação para
2004, convergindo para a meta de
5,5% do governo. Na véspera da
última reunião do Copom os analistas de mercado projetavam
uma inflação para o ano que vem
entre 6,1% e 6,2%. Agora, as projeções do mercado estão em 6%.
No curto prazo, a inflação não
preocupa, embora o IPCA de setembro (0,78%) tenha mostrado
aceleração em relação a agosto
(0,34%). "As pressões vêm de preços dos alimentos -sazonais- e
das tarifas -que não são sensíveis à taxa de juros", diz Jensen.
Por esse raciocínio, a retomada
da economia não deverá pressionar a inflação pela via da demanda, pois ela está ocorrendo em setores com capacidade ociosa. "Há
ociosidade na indústria, o desemprego é alto e a demanda ainda é
baixa", diz Hugo Penteado, economista-chefe do ABN Amro Asset Management.
Para o coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor)
da Fipe, Heron do Carmo, o BC
deveria reduzir a taxa de juros em
pelo menos dois pontos percentuais. "O Banco Central não precisa ter cautela, pois a taxa ainda está muito alta [hoje em 20% ao
ano]", diz Heron.
O economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) diz que o ideal seria que a
Selic fechasse o ano em, no máximo, 16,5% ao ano, o que significaria uma taxa real de juros (descontada a inflação) projetada em
torno de 10% ao ano.
Colaboraram Alessandra Kianek e
Adriana Mattos, da Reportagem Local
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