São Paulo, sábado, 21 de outubro de 2006

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Corte não faz efeito, e petróleo cai a US$ 56,82

Valor é o menor em 11 meses; mercado crê em queda da produção inferior à anunciada

Para analistas, membros da Opep não devem respeitar a determinação de reduzir produção em 1,2 mi de barris, pois preço ainda é alto


DA REDAÇÃO

O mercado reagiu com ceticismo ao anúncio de corte na produção pela Opep (Organização dos Exportadores de Petróleo), e o barril encerrou o dia com o preço mais baixo em 11 meses. Nem mesmo a ameaça de nova diminuição após a próxima reunião da entidade, em dezembro, parece ter aumentado a credibilidade do grupo.
Na Bolsa de Nova York, o produto fechou em US$ 56,82, uma queda de 2,87% em relação ao dia anterior. A desvalorização foi um pouco menor em Londres, 1,95%, e o barril ficou cotado a 59,68.
Para analistas, a Opep dificilmente realizará a redução prometida para 1º de novembro, de 1,2 milhão de barris na produção diária de petróleo, equivalente a cerca de 4,3% da produção da entidade em setembro e a pouco mais de 1% do consumo mundial.
Eles dizem que o preço atual é o dobro do que era há três anos e que, por isso, dificilmente o plano será seguido na íntegra por todos os membros do grupo -o que não seria novidade na história da Opep. "Está claro que haverá corte na produção, mas será de 1,2 milhão de barris? É bastante improvável", disse Andrew Lebow, corretor da Man Financial.
Segundo Simon Wardell, analista da Global Insight, o cenário mais provável é de redução de 800 mil barris. "A dúvida do momento é se os membros da Opep respeitarão as novas cotas ou se a história irá se repetir e eles produzirão mais. Os mercados parecem estar apostando na segunda hipótese."
De acordo com a decisão da organização, anunciada na quinta após reunião no Qatar, dez de seus membros terão que diminuir a produção -apenas o Iraque ficou isento. A Arábia Saudita, maior produtor mundial, terá que fazer o maior corte: 380 mil barris. Ela é seguida pelo Irã, 176 mil, e pela Venezuela, 138 mil.
Se o mercado aparenta duvidar da redução, a AIE (Agência Internacional de Energia) considerou que ela foi adotada "no pior momento possível". Para Claude Mandil, diretor-executivo da entidade, a medida "não ajuda em nada" os países consumidores e os países mais pobres. A alta sustentada dos preços do petróleo e a alta da demanda com a aproximação da estação de baixas temperaturas comprometem a escolha do momento para a adoção de uma menor produção, disse ele.
O corte na produção é uma tentativa da Opep de conter a queda nos preços do petróleo. Depois de alcançar US$ 78,40, em julho, o produto já caiu mais de 20%. O grupo disse que tomou a medida porque ações similares "contribuíram para a estabilidade do mercado de petróleo, beneficiando tanto produtores como consumidores".


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