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Montadora reduz juro para manter venda
Fabricantes de carros antecipam feirões e promoções que ocorrem no final do ano para driblar a escassez de crédito
Na primeira quinzena de outubro vendas de carros caem 10% sobre setembro; sem crédito, mercado pode ficar "crítico", diz Anfavea
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Para evitar queda nas vendas
e driblar a escassez de crédito
dos bancos, as montadoras oferecem aos consumidores neste
mês juros menores do que a taxa média cobrada pelo mercado. Na primeira quinzena de
outubro, as vendas de carros
caíram 10% em relação a igual
período de setembro.
Algumas montadoras anteciparam em até um mês as promoções e feirões, que, geralmente, ocorrem em novembro.
"As promoções, que se intensificaram na última semana, tentam contrabalançar a restrição
de crédito dos bancos", diz
Jackson Schneider, presidente
da Anfavea (associação dos fabricantes de veículos).
Se a oferta de crédito não for
normalizada no mês que vem,
diz ele, a situação pode se tornar "mais crítica". "Neste momento, cada montadora busca
alternativas para vender, o que
significa utilizar o próprio banco ou fazer parcerias com instituições financeiras."
A Volkswagen e o banco
Volks oferecem neste mês juros de 0,99% ao mês e plano de
24 meses para quase toda a linha de modelos nacionais (Fox,
SpaceFox, CrossFox, Polo, Polo
Sedan e Beetle) na tentativa de
"assegurar a demanda de automóveis", segundo Fabricio
Biondo, gerente-executivo da
Volks. Nos modelos importados (Bora, Jetta e Passat) já não
há incidência de juros, segundo
informa a montadora.
A Ford, que também ofereceu aos clientes juros de 0,99%
ao mês para a linha Fiesta em
feirão neste mês, deve realizar
outras promoções e feirões nos
próximos finais de semana "para levantar o ânimo dos clientes", segundo a montadora.
No último final de semana, a
Fiat vendeu em feirão em São
Paulo cerca de 1.800 carros de
um estoque de 5.000. O juro cobrado pelo banco Fiat (hoje
pertence ao banco Itaú) também foi de 0,99% ao mês.
Crédito mais seletivo
A Abracaf (Associação Brasileira dos Concessionários Fiat)
estima que, nas 452 revendas
associadas, houve queda nas
vendas de 6% entre os dias 1º e
19 deste mês em relação a igual
período em setembro.
"Os bancos estão mais seletivos para conceder crédito. A dificuldade é maior para os que
não podem comprovar renda,
como pequenos empreendedores e pessoas que não têm holerite com rendimento garantido", diz Edmo Pinheiro, presidente da Abracaf e da rede de
concessionárias Pinauto.
A Sabrico, revenda de carros
da Volks, afirma que as promoções se acentuaram nos últimos 15 dias por causa da falta
de crédito no mercado. "As
montadoras optaram por subsidiar as taxas de juros para
manter as vendas", afirma
Marcos Dadalti, diretor comercial da concessionária.
Para carros seminovos, segundo ele, os juros são de
0,98% ao mês para planos de
até 36 meses. No caso de carros
novos (linha Polo) e importados, a taxa é de 0,99% ao mês
em prazos de até 60 meses.
"O consumidor quer comprar, mas quando lê tanta notícia ruim sobre a crise financeira mundial, fica com medo. Como os bancos estão segurando
o crédito, as montadoras decidiram agir", diz Sérgio Reze,
presidente da Fenabrave, associação das concessionárias.
Apesar de o crédito estar
mais restrito, as vendas de veículos deverão crescer entre
19% e 20% neste ano, estima a
Fenabrave. A produção de veículos neste ano superou 2 milhões de unidades em agosto e
deve ser a maior da história.
A Peugeot também lançou no
início deste mês uma promoção, com taxas de juros de
0,49% ao mês (antes 0,99%),
50% de entrada e pagamento
em até 24 meses, com a primeira parcela depois do Carnaval.
Para o consultor David
Wong, da Kaiser Associates, férias coletivas e antecipação de
feirões são medidas para evitar
que "os custos recaiam na cadeia como um todo" e acha que
é "cedo para falar em crise no
setor".
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