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Fed apóia novo plano para estimular economia dos EUA
Congresso já estuda pacote de estímulo fiscal entre US$ 150 bi e US$ 300 bi
Ao apoiar medida, Bernanke diz que "ritmo da atividade econômica caminha para ficar abaixo de seu potencial por muitos trimestres"
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O Fed (banco central dos
EUA) deu sinal verde ontem a
um novo pacote de estímulo direto às famílias e consumidores
americanos. A notícia ajudou a
impulsionar as Bolsas ontem.
A Casa Branca, que estava reticente em relação ao pacote,
agora também diz estar "aberta" para adoção de novas medidas para recuperar a economia.
A bancada democrata, majoritária no Congresso, vem defendendo há um pacote de estímulo fiscal entre US$ 150 bilhões e US$ 300 bilhões. Há
fortes divergências, porém, entre republicanos e democratas
sobre o funcionamento e o alcance dessas medidas.
"Com a economia provavelmente se enfraquecendo por
vários trimestres adiante, e
com o risco de um desaquecimento acentuado, parece uma
medida apropriada o Congresso considerar um pacote fiscal",
disse o presidente do Fed, Ben
Bernanke, ao depor no Comitê
de Orçamento da Câmara dos
Representantes (deputados).
"O ritmo da atividade econômica caminha para ficar abaixo
de seu potencial por muitos trimestres",disse Bernanke.
A porta-voz do presidente
George W. Bush, Dana Perino,
afirmou que embora a prioridade da Casa Branca seja levar
adiante o pacote de socorro aos
bancos, ele tem "mente aberta"
em relação a um segundo pacote de estímulo fiscal -que poderia sair ainda neste ano.
Enquanto os congressistas
democratas defendem descontos diretos nos impostos, o governo prefere medidas que ampliem o acesso ao crédito às famílias. O discurso de Bernanke
ontem foi nessa direção.
"Se o Congresso for adiante
com um pacote fiscal, deveria
incluir medidas que permitam
aumentar o acesso ao crédito
dos consumidores, de quem
pretende comprar um imóvel,
dos empresários e demais pessoas que queiram financiamentos", disse Bernanke. "Medidas
desse tipo devem ser particularmente efetivas para incentivar o crescimento econômico e
a criação de empregos."
Já os líderes da bancada democrata vêm defendendo um
pacote de até US$ 300 bilhões
que incluem, além de descontos nos impostos para as famílias, novos projetos de infra-estrutura, extensão e aumento
dos benefícios do seguro-desemprego, cupons de alimentação, subsídios a gastos com
energia e aquecimento durante
o inverno e reforço na área de
saúde pública. "Há muitos programas que vêm sendo apresentados como estímulos à economia, mas não acreditamos
que necessariamente tenham
esse efeito", disse Perino.
Em fevereiro, os EUA já haviam aprovado um plano de
US$ 168 bilhões em cortes de
impostos. Neste pacote, cerca
de US$ 50 bilhões foram enviados em cheques diretamente às
famílias entre abril e maio, mês
em que os gastos com o consumo aumentaram 0,4% -voltando a cair depois.
O deputado Paul Ryan, republicano de Winsconsin, afirmou que, se aprovado, o plano
dos democratas pode elevar o
déficit federal dos EUA acima
de US$ 1 trilhão. "Jogar dinheiro pela porta pode ajudar durante um trimestre, mas não
vai criar empregos", disse.
Em setembro, vários bancos
nos EUA registraram um forte
aumento na inadimplência de
consumidores, principalmente
entre os que usam cartões de
crédito. A American Express
anunciou ontem que subiu para 6,7% no mês passado o total
de calotes -ante 3,6% em setembro de 2007. Além disso,
vários bancos vêm cortando o
crédito disponível nos cartões
de milhões de pessoas e aumentando o total exigido como
pagamento mínimo mensal.
Os candidatos democrata Barack Obama e republicano
John McCain também já afirmaram ser a favor de medidas
para ajudar diretamente as famílias americanas.
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