São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2008

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Fed apóia novo plano para estimular economia dos EUA

Congresso já estuda pacote de estímulo fiscal entre US$ 150 bi e US$ 300 bi

Ao apoiar medida, Bernanke diz que "ritmo da atividade econômica caminha para ficar abaixo de seu potencial por muitos trimestres"

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O Fed (banco central dos EUA) deu sinal verde ontem a um novo pacote de estímulo direto às famílias e consumidores americanos. A notícia ajudou a impulsionar as Bolsas ontem.
A Casa Branca, que estava reticente em relação ao pacote, agora também diz estar "aberta" para adoção de novas medidas para recuperar a economia.
A bancada democrata, majoritária no Congresso, vem defendendo há um pacote de estímulo fiscal entre US$ 150 bilhões e US$ 300 bilhões. Há fortes divergências, porém, entre republicanos e democratas sobre o funcionamento e o alcance dessas medidas.
"Com a economia provavelmente se enfraquecendo por vários trimestres adiante, e com o risco de um desaquecimento acentuado, parece uma medida apropriada o Congresso considerar um pacote fiscal", disse o presidente do Fed, Ben Bernanke, ao depor no Comitê de Orçamento da Câmara dos Representantes (deputados).
"O ritmo da atividade econômica caminha para ficar abaixo de seu potencial por muitos trimestres",disse Bernanke.
A porta-voz do presidente George W. Bush, Dana Perino, afirmou que embora a prioridade da Casa Branca seja levar adiante o pacote de socorro aos bancos, ele tem "mente aberta" em relação a um segundo pacote de estímulo fiscal -que poderia sair ainda neste ano.
Enquanto os congressistas democratas defendem descontos diretos nos impostos, o governo prefere medidas que ampliem o acesso ao crédito às famílias. O discurso de Bernanke ontem foi nessa direção.
"Se o Congresso for adiante com um pacote fiscal, deveria incluir medidas que permitam aumentar o acesso ao crédito dos consumidores, de quem pretende comprar um imóvel, dos empresários e demais pessoas que queiram financiamentos", disse Bernanke. "Medidas desse tipo devem ser particularmente efetivas para incentivar o crescimento econômico e a criação de empregos."
Já os líderes da bancada democrata vêm defendendo um pacote de até US$ 300 bilhões que incluem, além de descontos nos impostos para as famílias, novos projetos de infra-estrutura, extensão e aumento dos benefícios do seguro-desemprego, cupons de alimentação, subsídios a gastos com energia e aquecimento durante o inverno e reforço na área de saúde pública. "Há muitos programas que vêm sendo apresentados como estímulos à economia, mas não acreditamos que necessariamente tenham esse efeito", disse Perino.
Em fevereiro, os EUA já haviam aprovado um plano de US$ 168 bilhões em cortes de impostos. Neste pacote, cerca de US$ 50 bilhões foram enviados em cheques diretamente às famílias entre abril e maio, mês em que os gastos com o consumo aumentaram 0,4% -voltando a cair depois.
O deputado Paul Ryan, republicano de Winsconsin, afirmou que, se aprovado, o plano dos democratas pode elevar o déficit federal dos EUA acima de US$ 1 trilhão. "Jogar dinheiro pela porta pode ajudar durante um trimestre, mas não vai criar empregos", disse.
Em setembro, vários bancos nos EUA registraram um forte aumento na inadimplência de consumidores, principalmente entre os que usam cartões de crédito. A American Express anunciou ontem que subiu para 6,7% no mês passado o total de calotes -ante 3,6% em setembro de 2007. Além disso, vários bancos vêm cortando o crédito disponível nos cartões de milhões de pessoas e aumentando o total exigido como pagamento mínimo mensal.
Os candidatos democrata Barack Obama e republicano John McCain também já afirmaram ser a favor de medidas para ajudar diretamente as famílias americanas.


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