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China tem a menor expansão em 5 anos
Ritmo de crescimento caiu de 10,6% no começo do ano para 9% no 3º trimestre; previsão é de desaceleração maior até dezembro
Resultado preocupa outras economias do mundo, já que país foi responsável
por um 1/3 do crescimento mundial no ano passado
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
A desaceleração da economia
chinesa agora é oficial: o PIB
cresceu 9% entre julho e setembro. É a pior performance
em cinco anos.
No primeiro trimestre do
ano, o PIB cresceu 10,6%; no
segundo, 10,1%. Economistas
dizem que no quarto trimestre,
o número deve ser menor.
Nos últimos cinco anos, a
China foi responsável por um
quarto do crescimento mundial -um terço, no ano passado, quando seu PIB cresceu
11,9%. Mesmo com o crescimento menor, a China deve se
tornar a terceira maior economia do mundo no final deste
ano, ultrapassando a Alemanha, e ficando atrás apenas de
EUA e Japão.
Apesar de ainda ser a única
entre as grandes potências com
crescimento garantido e vigoroso, o número preocupa o Partido Comunista. Com renda per
capita inferior à metade da renda brasileira, o país precisa
criar entre 10 milhões e 15 milhões de empregos por ano para
absorver o êxodo rural.
Sua desaceleração já provoca
impacto nos preços das matérias-primas, como soja e ferro,
que importa do Brasil. O preço
do aço caiu 20% em três meses,
por conta da demanda menor.
"O crescimento deve ser menor ainda no quarto trimestre,
quando o ambiente externo de
desaceleração global deve apresentar um impacto mais negativo", diz Tao Wang, economia
do banco UBS em Pequim.
Os números negativos da
economia chinesa começaram
antes mesmo do colapso do
banco Lehman Brothers, em 17
de setembro, e das semanas
turbulentas em Wall Street. A
venda de carros em agosto foi
6% menor que no mesmo mês
do ano passado.
A venda de apartamentos no
primeiro semestre foi 14% menor que em 2007.
Em Pequim, as vendas de
imóveis em setembro foram as
piores em cinco anos. Segundo
o estatal Escritório de Gerenciamento de Transações Imobiliárias, há 69.685 unidades
disponíveis à venda. 2 mil prédios estão em construção em
Pequim.
Há centenas de prédios vazios recém-construídos nas
grandes cidades, principalmente para o mercado de luxo. O governo tenta forçar a construção
de imóveis populares, mas sem
sucesso. Um estudo do banco
Credit Suisse prevê que o preço
do metro quadrado deve cair
15% em 2008 e 5% em 2009.
Enquanto não caem, os compradores esperam.
A inflação, que era uma preocupação do governo no início
do ano, já não assusta tanto. O
índice de preços ao consumidor
cresceu 4,6% em setembro,
comparado com o mesmo mês
do ano passado, bem abaixo do
índice de 8,7% que atingiu em
fevereiro, o maior em 12 anos.
Estímulo
O Conselho de Estado, como
é chamado o gabinete ministerial, anunciou ontem que passou o fim de semana preparando um pacote de medidas para
adaptar a economia chinesa à
desaceleração global.
Entre as medidas que devem
ser anunciadas, estão a restituição tributária para exportações, um pacote para aumento
de crédito a pequenas e médias
empresas, além de mais investimentos em infra-estrutura.
Na semana passada, o Partido Comunista aprovou uma reforma rural, que permitirá aos
camponeses arrendarem suas
terras. Atualmente eles não podem negociar a pequena parcela a que cada família tem direito
em concessões de 30 anos.
Com a nova lei, a concessão
pula para 70 anos e eles poderão alugar ou trocar as terras. A
medida visa aumentar o poder
de consumo dos camponeses,
55% da população, que vivem
da agricultura de subsistência.
A renda média no campo é de
345 yuans (R$ 105) por mês.
A aposta do governo é que
eles formarão uma nova classe
de consumidores, que absorverá a produção que o mercado
exportador vai perder em breve. Há temores, porém, que a lei
faça camponeses alugarem
suas terras por uma ninharia e
que engrossem favelas na periferia das grandes cidades.
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