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Lula assinou texto sem ler, diz Stephanes
Ministro da Agricultura critica decreto que endureceu penas para agricultores que infringem leis ambientais
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O ministro da Agricultura,
Reinhold Stephanes, disse ontem em Curitiba que o colega
Carlos Minc (Meio Ambiente)
e o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva assinaram -sem ler-
um decreto sobre penas a produtores rurais que desrespeitarem leis de proteção ambiental.
O decreto 6.514, publicado
em julho, prevê penas como
suspensão das atividades e embargos de propriedades e rebanhos, caso o produtor não conserve ou restaure áreas de reserva legal. Para Stephanes, o
decreto "criminalizou os agricultores brasileiros".
"O problema é que ninguém
leu. Eu disse isso ao ministro
Minc quando ele mandou o decreto ao presidente: "Você não
leu o decreto, o presidente não
leu o decreto. Ninguém leu o
decreto'", declarou Stephanes.
Ele deu a declaração ao criticar o decreto e o Código Florestal. "As multas são desproporcionais", afirmou. "[Se] aplicar
essa legislação da forma que foi
colocada, eu posso garantir a
vocês, áreas inteiras deixarão
de produzir", disse. Ele disse
que é preciso "ter coragem para
alterar o Código Florestal."
De acordo com Stephanes,
dos 4,3 milhões de pequenas e
médias propriedades agrícolas
do país, cerca de 3 milhões estão irregulares se consideradas
todas as leis ambientais.
As declarações são semelhantes à posição da SRB (Sociedade Rural Brasileira) e da
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Para Stephanes, o decreto
impõe "medidas genéricas" a
regiões diferentes, como encostas e topos de morros em
Minas Gerais e no Sul. Caso
houvesse leis que seguissem o
perfil de cada região, o ministro
disse que problemas como a
derrubada da floresta amazônica poderiam acabar.
Pessoas "urbanas", que ajudaram a fazer as leis, "nunca
plantaram um pé de feijão",
disse o ministro, que defendeu
ainda que ONGs não deveriam
participar de discussões sobre
proteção dos recursos naturais
porque são, segundo ele, financiadas por poluidores -"inclusive pelos grandes poluidores
do mundo, pelas grandes empresas petrolíferas".
Ele também criticou o Banco
do Brasil ao pedir "mais velocidade" na liberação de recursos
para a safra 2008/ 2009 diante
da crise financeira global.
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