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Setor automotivo levou R$ 4 bi de isenções no ano
Total de desonerações do governo federal atinge R$ 19,5 bi no ano até setembro
Com cadeia produtiva mais longa, setor automotivo foi maior beneficiado pelo estímulo fiscal do governo para combater a crise
FERNANDO RODRIGUES
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O setor automotivo teve um
benefício de R$ 4 bilhões neste
ano com as desonerações tributárias do governo para enfrentar a crise econômica. O valor
se refere aos impostos que deixaram de ser arrecadados nos
primeiros nove meses do ano
por causa da adoção de incentivos diretos à produção de automóveis, motos e caminhões.
A produção de veículos também se beneficiou de reduções
concedidas nos preços de combustíveis, cujo total bancado
pelo governo até setembro
atingiu R$ 2,323 bilhões.
Quando se soma a isenção
fiscal para veículos e combustíveis, chega-se a R$ 6,331 bilhões -32,5% de tudo o que o
governo teve de assumir em redução de impostos para tentar
reativar a economia. Segundo
cálculos da Receita Federal, as
desonerações totalizam R$
19,492 bilhões até setembro.
Os estímulos à aquisição de
maquinas e equipamentos para
a indústria em geral foram os
mais altos -R$ 4,1 bilhões- se
forem levados em conta apenas
os benefícios diretos.
"Foram medidas bem-sucedidas. No caso do setor automotivo, nossos indicadores dizem que a cadeia completa foi
atingida. Fabricação de pneus,
bancos, equipamentos tecnológicos nos carros, tudo foi reaquecido", diz Otacílio Cartaxo,
secretário da Receita Federal.
As medidas anticíclicas começaram a ser tomadas no fim
de 2008. A ideia foi derramar
reais no mercado, estimular o
comércio e impedir uma recessão de proporção ainda maior.
No caso do setor automotivo,
o estímulo foi mais que suficiente. Em setembro, último
mês de isenção total do IPI, as
vendas internas foram recorde,
aumentando quase 15% em relação ao mesmo mês de 2008.
"A lógica do governo foi incentivar quem tinha maior valor na cadeia produtiva e onde
uma redução de imposto pudesse estimular o consumidor",
diz Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
"O lobby do setor é forte. E isso conta. Mas há uma lógica em
incentivar. A indústria automobilística foi um dos canais
de importação da crise na medida em que depende fortemente de crédito. Além disso,
tem peso na indústria geral e,
portanto, tem um efeito multiplicador importante", afirma o
economista do banco WestLB,
Roberto Padovani.
A divulgação da tabela completa de quanto custou cada
uma das medidas mostra que a
economia brasileira emergiu
sobretudo com a ajuda concedida a cinco áreas específicas: 1)
setor automotivo; 2) combustíveis; 3) alteração da tabela do
Imposto de Renda; 4) condições mais favoráveis para a
compra de máquinas e equipamentos para a indústria e 5) redução de IOF (Imposto sobre
Operações Financeiras) no crédito e no câmbio.
A mudança na tabela do IR
custou R$ 3,906 bilhões aos cofres públicos. A facilidade para
aquisição máquinas ficou em
R$ 4,1 bilhões. E a queda no
IOF tirou R$ 2,1 bilhões até setembro -sem contar os descontos específicos no IOF para
carros, motos e caminhões.
Tudo somado, essas cinco
áreas principais representaram
uma perda de receita para o governo da ordem de R$ 16,5 bilhões, ou 84,6% de todo o custo
das ações anticíclicas de Lula.
O desconto aos produtos da
linha branca (como geladeiras e
fogões) representou até agora
apenas R$ 264 milhões.
Essa conta do governo deve
ser vista com alguma reserva. A
Receita verifica quanto arrecadou de impostos com um determinado produto, aplica a alíquota anterior maior e calcula
quanto deixou de entesourar
por causa da tarifa reduzida
atual. O problema é que as vendas em parte ocorreram porque
as taxas foram menores.
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