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BANESPA
Santander surpreende e leva o Banespa na privatização mais cara da história
Espanhóis decidem ir às compras na última hora;
Bradesco esnoba leilão ao saber de desistência de Itaú
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Na sexta-feira, governo anunciou mudança em
dívida do Banespa a fim de animar compradores
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Unibanco e Bradesco fazem propostas próximas do mínimo; Itaú desiste
Santander paga R$ 7,05 bi por banco; ágio vai a 281%
CHICO SANTOS
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
O banco espanhol Santander
pagou ontem o maior valor em
reais já pago em uma privatização
no Brasil, adquirindo o controle
acionário do Banespa -cerca de
60% do capital votante do banco- por R$ 7,050 bilhões. O ágio
pago foi de 281,02% sobre o preço
mínimo de R$ 1,85 bilhão fixado
pelo BC (Banco Central) para a
parcela leiloada.
Convertido em dólares ao preço
de R$ 1,92 por dólar, o preço do
Banespa foi de US$ 3,671 bilhões,
o segundo maior da história das
privatizações brasileiras, perdendo para os US$ 4,967 bilhões (R$
5,783 bilhões, em reais da época)
pagos pela Telefonica de España
pela Telesp fixa, em julho de 1998.
O presidente do BC, Armínio
Fraga, disse que o dinheiro arrecadado com a venda do banco
paulista será integralmente utilizado para abater a dívida pública
brasileira. Ele afirmou também
que o governo seguirá com as privatizações de bancos estaduais e
que, nos próximos meses, o cronograma será divulgado.
Fraga chegou à Bolsa do Rio, local do leilão, às 9h e foi a maior autoridade do governo brasileiro
presente ao evento.
O leilão durou apenas 13 minutos. O leiloeiro Alexandre Runte
abriu os trabalhos às 09h59 e às
10h12 bateu o martelo declarando
vencedor o banco Santander.
Com a compra do Banespa, o
banco espanhol passa de quinto a
terceiro maior banco privado do
país, com R$ 56,2 bilhões em ativos, tomando o lugar do Unibanco. Os primeiros seguem sendo
Bradesco e Itaú, nessa ordem.
Além do Santander, apresentaram propostas os nacionais Unibanco e Bradesco, causando decepção entre os presentes ao pregão da Bolsa do Rio a diferença
entre as duas propostas e a do
Santander. O Unibanco ofereceu
R$ 2,1 bilhões, com ágio de
13,50%, e o Bradesco, R$ 1,86 bilhão, com ágio de apenas 0,53%.
O Itaú, outro favorito, nem sequer
ofereceu proposta.
"Nós não demos um preço baixo, o preço deles é que foi alto",
disse o diretor de Investimentos
do Unibanco, Cláudio Coracini,
pouco depois do leilão. Segundo
Coracini, a oferta de um valor que
concorresse com a proposta do
banco espanhol "prejudicaria o
acionista" do Unibanco.
Para o presidente do Santander
no Brasil, Gabriel Jaramillo, o preço pago pelo banco não foi alto.
"Estamos muito contentes por
termos pago esse preço, independentemente das ofertas mais baixas feitas pelos concorrentes."
Foram leiloadas ontem, em bloco único, 11.232.000.000 ações do
Banespa, representando cerca de
60% do seu capital votante e cerca
de 30% do seu capital total.
Sem protestos que chegassem a
incomodar o clima dentro da Bolsa do Rio, a tensão no leilão ficou
por conta da expectativa sobre
quem entraria na disputa.
Cerca de meia hora antes do começo do leilão, Venílton Tadini,
diretor do banco Fator -responsável pela avaliação e modelagem
de venda do Banespa- respirava
aliviado. Ele havia apurado que
pelos menos o Bradesco, o Unibanco e o Santander participariam do leilão.
A expectativa era quanto à participação do Itaú, que antes do leilão dividia com o Bradesco a condição de favorito à compra. À medida que se aproximava a hora do
leilão e os representantes do Itaú
não eram vistos, aumentava a surpresa dos presentes.
Mais surpresa veio quando o
leiloeiro abriu os trabalhos e apenas as corretoras dos bancos Santander e Unibanco apresentaram
as propostas dos seus representados. Estavam inscritas para participar as corretoras Bradesco, Itaú,
Unibanco, Santander e Safra.
O leiloeiro deu um minuto de
prazo para encerrar o leilão. O
tempo passava e nenhum outro
candidato aparecia. Somente
quando faltavam 15 segundos é
que o representante da corretora
Bradesco começou a se movimentar, entregando a proposta
cinco segundos antes do prazo.
FRASE
Nós não demos um preço baixo (R$ 2,1 bilhões), o preço deles
(R$ 7,05 bilhões) é que
foi alto
CLÁUDIO CORACINI
diretor de Investimentos do Unibanco, Cláudio Coracini, pouco depois
do leilão
O preço pago não foi
alto. Estamos contentes
por termos pago esse
preço
GABRIEL JARAMILLO, presidente do
Santander no Brasil
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