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ANO DO DRAGÃO
Copom eleva taxa básica em um ponto percentual para 22% ao ano, o maior nível desde junho de 1999
De olho na inflação, BC volta a subir juros
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central elevou os juros
básicos da economia em um ponto percentual, passando de 21%
para 22% ao ano, nível mais alto
desde junho de 1999. O Copom
(Comitê de Política Monetária do
BC) apontou o aumento da inflação como sendo o principal motivo da decisão tomada ontem.
Não foi indicado nenhum viés,
o que significa que a taxa Selic deve permanecer inalterada até a
próxima reunião do Copom, nos
dias 17 e 18 de dezembro.
Os juros estavam em 18% ao
ano desde o início de outubro,
quando o presidente do BC, Armínio Fraga, convocou uma reunião extraordinária do Copom no
dia 14 de outubro para aumentá-los em três pontos percentuais, ficando em 21%. Naquela ocasião,
tentava-se conter a disparada do
dólar, cuja cotação chegou a ultrapassar os R$ 4.
Agora, as preocupações se voltam para o comportamento dos
demais preços praticados na economia. "O aumento da expectativa de inflação para 2003 levou o
Copom a aumentar a taxa Selic
para 22% ao ano", diz nota divulgada pelo BC.
O governo tem como meta
manter a inflação, medida pelo
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), em até 6,5% no
ano que vem. Projeções feitas por
bancos, porém, já apontam para
uma alta de 10% para 2003.
Os índices de preços divulgados
recentemente confirmam o pessimismo em relação à inflação. O
IPCA, por exemplo, registrou alta
de 1,31% no mês passado, maior
variação desde julho de 2001.
A disparada do dólar é apontada como a principal responsável
por esse aumento da inflação. A
desvalorização do real afeta os
preços de várias maneiras. O efeito direto é o encarecimento dos
produtos importados, em especial das matérias-primas utilizadas por diversas indústrias.
Existe ainda o impacto do dólar
sobre os preços de bens que, mesmo produzidos dentro do Brasil,
acompanham a variação cambial.
É o caso das mercadorias que
também podem ser vendidas no
exterior, como soja, por exemplo.
Muitos produtores só aceitam
vendê-las no mercado interno pelo mesmo preço que poderiam
obter ao exportá-las, o que pressiona a inflação.
O que se tenta fazer com uma
elevação dos juros é impedir que
o efeito direto que a alta do dólar
tem sobre os preços desses produtos acabe se espalhando pelo
restante da economia, o que levaria a um descontrole da inflação.
A ação do BC afeta o nível de
preços por três canais principais.
Um deles se refere às expectativas
dos agentes de mercado. Em outras palavras: mesmo setores que
nada têm a ver com o câmbio poderiam reajustar agora seus preços para se protegerem de um
eventual aumento generalizado
da inflação. Ao elevar a taxa de juros, o BC quer sinalizar que não
deixará que esse aumento generalizado ocorra.
O segundo canal está ligado ao
nível de atividade da economia.
Juros mais altos tornam o crédito
mais caro e desestimulam o consumo. Num cenário como esse, as
empresas têm menos margem para reajustar seus preços, pois aumentos exagerados poderiam levar a forte quedas nas vendas.
Por último, existe o efeito direto
que os juros podem ter sobre a taxa de câmbio. Em tese, juros elevados estimulam os investidores a
deixar de usar seu dinheiro na
compra de dólares para colocá-lo
em aplicações denominadas em
reais, como os títulos públicos,
que se tornam mais rentáveis. Isso
reduziria a pressão sobre a cotação da moeda dos EUA, aliviando, consequentemente, a pressão
sobre a inflação.
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