São Paulo, quinta-feira, 21 de novembro de 2002

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FINANÇAS

Moeda fecha a R$ 3,515; risco-país desce ao menor nível em quatro meses

Lua-de-mel entre FMI e PT acalma mercado de dólar

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um dia marcado pelo otimismo, o C-Bond, principal título da dívida externa brasileira, fechou em alta de 0,11%. Com a valorização, o risco-país caiu para 1.599 pontos, valor 1,7% inferior ao do último fechamento e o menor índice dos últimos quatro meses.
O dólar fechou cotado a R$ 3,515, baixa de 1,54% em relação à cotação de terça-feira, influenciado pelo bom desempenho do C-Bond e por notícias no cenário interno que foram bem recebidas pelos investidores.
A alta de um ponto percentual na Selic (taxa básica de juros) não foi suficiente para influenciar negativamente a Bolsa de Valores de São Paulo. O Ibovespa encerrou o pregão com alta de 1,16%, aos 10.087 pontos. "A subida da taxa já estava no preço", disse Sérgio Machado, diretor de tesouraria do banco Fator.
Devido à alta dos índices de inflação observada nas últimas semanas, o mercado já esperava que o Copom (Comitê de Política Monetária) aumentasse a taxa. Muitos acreditavam que a alta poderia ser maior.
Segundo Machado, como o Banco Central (BC) satisfez a expectativa dos investidores, o mercado reagiu positivamente. "Quando o BC atua de forma consistente, ele acalma o mercado."
Durante a manhã, o dia foi de poucos negócios, principalmente no mercado de câmbio. A moeda norte-americana já abriu em queda, influenciada pelas declarações positivas do FMI (Fundo Monetário Internacional) com relação às intenções políticas do próximo presidente da República.
O boato-posteriormente negado pelo presidente do Partido dos Trabalhadores- de que Armínio Fraga poderia continuar no cargo de presidente do BC ajudou a sustentar a baixa do dólar, que chegou, na mínima do dia, a R$ 3,484. Além disso, telefonemas de empresas exportadoras para mesas de câmbio também ajudaram a manter o otimismo. Segundo um operador do mercado, isso mostra que o fluxo de dólares pode aumentar nos próximos dias.
Após o resgate de aproximadamente US$ 389 milhões referentes à parcela da dívida pública atrelada ao dólar que não havia sido rolada, espera-se a moeda passe por um momento de calmaria nos próximos dias.
Entretanto a cotação abaixo de R$ 3,50 vem sendo encarada como um patamar em que o preço do dólar torna-se atrativo para a compra, principalmente para quem precisa da moeda norte-americana para honrar compromissos no curto prazo.
"Há um consenso de que o dólar vá cair. Mas o que inibe a queda são os grandes vencimentos de dívida cambial em dezembro. Então, os importadores que precisam de dólares até o meio de dezembro compram", diz Miriam Tavares, da corretora AGK.
Segundo analistas, a grande concentração de dívida do governo atrelada ao câmbio com vencimentos em dezembro e janeiro, deve continuar a trazer volatilidade ao mercado. Somente no próximo mês vencem aproximadamente U$ 6 bilhões em títulos. Em janeiro esse valor é de US$ 5,7 bilhões, mas pode aumentar quando o governo tentar alongar os vencimentos de dezembro.


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