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São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2003

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INVESTIMENTO

Banco e fundos têm menos votos que necessário

BNDES terá pouco poder de fogo para mudar decisões da Valepar

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O gasto pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de R$ 1,5 bilhão para comprar 8,5% do capital da Valepar (10,4% do capital votante) será de pouca utilidade em termos de interferência do banco para modificar decisões da empresa, controladora da Cia. Vale do Rio Doce.
O acordo de acionistas da Valepar prevê que a tomada de decisões consideradas estratégicas para a Vale, como incorporações de empresas, fusões, aquisições ou vendas de ativos, precisa contar, no mínimo, com votos favoráveis que correspondam a 75% do seu capital.
O fato de, após a compra das ações que pertenciam ao Investvale (clube de investimento dos empregados da Vale), o BNDES, representado pela subsidiária BNDESPar (BNDES Participações), e os fundos de pensão de empresas estatais (Previ, Petros, Funcef e Funcesp) terem passado a deter 59,4% do capital votante da Valepar pouca influência tem para a tomada de decisões pela empresa.
Os fundos e a BNDESPar já eram donos de 50,17% do capital votante (maioria simples) da Valepar antes da operação, mas isso não lhes dava vantagem.
Em termos do número de conselheiros, a compra permite que o BNDESPar e os fundos passem a contar com 6 dos 11 conselheiros, segundo o vice-presidente do BNDES, Darc Costa.
Mas essa maioria, supondo-se que os fundos passem a atuar alinhados com o BNDES, não lhes é útil na hora das decisões estratégicas, como, por exemplo, definir se a Vale deve ou não vender sua participação na CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão).
A siderúrgica européia Arcelor, co-proprietária da CST, tem a opção de comprar a participação da Vale na empresa em 2007. A direção do BNDES declarou que considera estratégica a permanência da Vale no controle da CST.
Além de fusões, incorporações, aquisições e vendas de participações em empresas pela Vale, estão também entre os casos que exigem 75% dos votos no Conselho de Administração da Valepar decisões como mudança de estatuto e aumento de capital (tanto da Vale como da Valepar).
Diante dos obstáculos a uma ação que possa, de alguma forma, modificar a atuação da Vale do Rio Doce, os especialistas do mercado de capitais cada vez entendem menos a compra pelo BNDES das ações da Valepar, ainda mais em um momento de pico do mercado de ações.


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