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Lula pressionou Copom pela queda de 1,5 ponto na taxa
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva pressionou o BC (Banco
Central) a reduzir a taxa básica de
juros (Selic) em 1,5 ponto percentual, diminuição maior do que a
esperada pelo mercado financeiro. Anteontem, a taxa caiu de 19%
para 17,5% ao ano.
Segundo a Folha apurou, Lula
pediu "mais pressa ao pessoal do
BC", nas palavras de um assessor
direto. Esse pedido foi transmitido ao presidente do BC, Henrique
Meirelles, que articulou a queda.
A expectativa do mercado era redução de apenas um ponto percentual. Oficialmente, o governo e
o BC negam interferência política
na fixação da taxa Selic.
O desejo de Lula é que em meados de dezembro, na última reunião do ano do Copom (Comitê
de Política Monetária), órgão do
BC que fixa mensalmente a taxa
Selic, os juros caiam novamente
entre 1 e 1,5 ponto percentual.
Os juros fechariam 2003 entre
16% e 16,5% ao ano. Assim, Lula
espera chegar a juros reais de um
dígito -descontada a previsão
anual de inflação futura, a taxa
real seria inferior a 10% ao ano.
Na avaliação de Meirelles, a decisão mais correta do ponto de
vista técnico e com mais respaldo
na cúpula do BC seria a redução
de um ponto. Mas o presidente do
BC, que tem conversado com Lula
e o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) sobre juros, procurou espaço para queda maior.
Um reflexo do debate no BC foi
o resultado da votação do Copom. Pela primeira vez no governo Lula, não houve unanimidade.
Por 7 a 2, optou-se pela queda de
1,5 ponto percentual.
Curiosidade: a última decisão
do Copom sem unanimidade
aconteceu em julho de 2002,
quando o então candidato oficial
do governo FHC, o tucano José
Serra, pediu um corte nos bastidores. Naquele julho, a taxa desceu de 18,5% para 18%.
Também não foi a primeira vez
que Meirelles atendeu a um desejo do presidente. Em agosto, o BC
derrubou em 2,5 pontos percentuais a Selic. Naquele mês, Lula
queria, como agora, dar sinal ao
setor produtivo de que busca incentivar o crescimento.
A expectativa do mercado de
queda de um ponto percentual,
convenceu Lula a pressionar o BC
por uma queda maior -queda
reivindicada pelos empresários
do setor produtivo.
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