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São Paulo, sexta-feira, 21 de novembro de 2003

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Lula pressionou Copom pela queda de 1,5 ponto na taxa

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pressionou o BC (Banco Central) a reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual, diminuição maior do que a esperada pelo mercado financeiro. Anteontem, a taxa caiu de 19% para 17,5% ao ano.
Segundo a Folha apurou, Lula pediu "mais pressa ao pessoal do BC", nas palavras de um assessor direto. Esse pedido foi transmitido ao presidente do BC, Henrique Meirelles, que articulou a queda. A expectativa do mercado era redução de apenas um ponto percentual. Oficialmente, o governo e o BC negam interferência política na fixação da taxa Selic.
O desejo de Lula é que em meados de dezembro, na última reunião do ano do Copom (Comitê de Política Monetária), órgão do BC que fixa mensalmente a taxa Selic, os juros caiam novamente entre 1 e 1,5 ponto percentual.
Os juros fechariam 2003 entre 16% e 16,5% ao ano. Assim, Lula espera chegar a juros reais de um dígito -descontada a previsão anual de inflação futura, a taxa real seria inferior a 10% ao ano.
Na avaliação de Meirelles, a decisão mais correta do ponto de vista técnico e com mais respaldo na cúpula do BC seria a redução de um ponto. Mas o presidente do BC, que tem conversado com Lula e o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) sobre juros, procurou espaço para queda maior.
Um reflexo do debate no BC foi o resultado da votação do Copom. Pela primeira vez no governo Lula, não houve unanimidade. Por 7 a 2, optou-se pela queda de 1,5 ponto percentual.
Curiosidade: a última decisão do Copom sem unanimidade aconteceu em julho de 2002, quando o então candidato oficial do governo FHC, o tucano José Serra, pediu um corte nos bastidores. Naquele julho, a taxa desceu de 18,5% para 18%.
Também não foi a primeira vez que Meirelles atendeu a um desejo do presidente. Em agosto, o BC derrubou em 2,5 pontos percentuais a Selic. Naquele mês, Lula queria, como agora, dar sinal ao setor produtivo de que busca incentivar o crescimento.
A expectativa do mercado de queda de um ponto percentual, convenceu Lula a pressionar o BC por uma queda maior -queda reivindicada pelos empresários do setor produtivo.


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