São Paulo, segunda-feira, 21 de novembro de 2005

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VAREJO

Empresa norte-americana e Sonae ainda negociam detalhes da operação, que deve ser anunciada nos próximos dias

Wal-Mart paga R$ 1,6 bilhão por rede do Sul

DA REPORTAGEM LOCAL

A rede norte-americana Wal-Mart deve anunciar nos próximos dias o segundo grande passo para expandir seus negócios no setor supermercadista brasileiro, com a compra das 141 lojas da portuguesa Sonae por algo em torno de US$ 700 milhões, ou aproximadamente R$ 1,6 bilhão.
Segundo a Folha apurou, o negócio já está acertado, mas representantes das empresas ainda discutem detalhes do contrato. Se tudo correr bem, a venda será anunciada até o fim do mês.
Com a aquisição, o Wal-Mart passará a ter 293 lojas no Brasil, reforçando sua presença nos Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No início de 2004, a rede, então com apenas 25 lojas, comprara as 118 lojas da cadeia nordestina Bompreço por US$ 300 milhões (R$ 690 milhões).
Com a operação de 2004 o Wal-Mart conseguiu expandir a sua rede de lojas em 500% em apenas uma tacada. Agora, a rede dobra a cadeia com a aquisição do Sonae. Além do crescimento por conta das compras, a rede tem inaugurado novas lojas. Foram seis em 2004, todas nas regiões Sul e Sudeste. Os planos para 2005 incluíam a inauguração de outras dez, também nas duas regiões.

Ranking
Com a aquisição das lojas do Sonae, o Wal-Mart, que ocupa hoje o terceiro lugar no ranking do setor no Brasil, encosta no segundo colocado, a rede francesa Carrefour, que faturou, em 2004, R$ 12,1 bilhões. A CBD (Companhia Brasileira de Distribuição), dona do Pão de Açúcar, continua na liderança -em 2004, ela faturou R$ 15,4 bilhões. No ano passado, o faturamento do Wal-Mart chegou a R$ 6 bilhões, e o do Sonae, a R$ 4,3 bilhões.
O movimento da rede norte-americana aumenta a concentração do setor, tendência que já vinha sendo delineada desde o ano passado, quando mudaram de mãos o próprio Bompreço, abocanhado pelo Wal-Mart, e o Sendas, pelo Pão de Açúcar.
A medida de concentração usual -a participação das cinco maiores empresas no faturamento total- não sobe muito, já que a mudança ocorre justamente com duas redes que estão entre os cinco primeiros. Para se ter uma idéia, no ano passado, os cinco maiores (CBD, Carrefour, Wal-Mart, Sonae e Cia Zaffari) ficaram com 40% do mercado. Se Wal-Mart e Sonae fossem considerados apenas uma empresa, o indicador subiria apenas 1,1 ponto percentual.
A concentração aumenta pouco, para o caso deste indicador, por conta da distância abismal que separa os líderes dos demais. Enquanto os três maiores passam a ter faturamento contado na casa de dezena de bilhões de dólares, a Companhia Zaffari fatura pouco mais de R$ 1,2 bilhão. Claro, considerados apenas os três líderes, a concentração subirá de forma mais acentuada, com CBD, Carrefour e Wal-Mart abocanhando 38,8% do mercado, cifra que era de 34,4% antes de a rede norte-americana negociar a aquisição das lojas do Sonae no país.
As empresas disputam um mercado que, no ano passado, correspondeu a 5,5% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.
Em 2004, o faturamento global do setor foi de R$ 97,7 bilhões. No período, as vendas subiram 2,6% em termos reais, dado o relativo bom desempenho da economia brasileira.
Levantamento da Abras (Associação Brasileira de Supermercado), que divulga todos os anos o ranking e o desempenho do setor, mostra que, em 2004, as empresas realizaram investimentos que totalizaram R$ 1,2 bilhão. Valor inferior ao R$ 1,5 bilhão de 2003, mas que foi subindo no decorrer do ano, com a melhora das condições macroeconômicas. A Abras, por exemplo, estimava, no final de 2003, que os investimentos seriam de R$ 990 milhões.
Parte importante das inversões, revela o levantamento da associação, concentrou-se em reformas (39% do total investido) e em investimentos em automação das redes (cerca de 8% do total).


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