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VAREJO
Empresa norte-americana e Sonae ainda negociam detalhes da operação, que deve ser anunciada nos próximos dias
Wal-Mart paga R$ 1,6 bilhão por rede do Sul
DA REPORTAGEM LOCAL
A rede norte-americana Wal-Mart deve anunciar nos próximos
dias o segundo grande passo para
expandir seus negócios no setor
supermercadista brasileiro, com a
compra das 141 lojas da portuguesa Sonae por algo em torno de
US$ 700 milhões, ou aproximadamente R$ 1,6 bilhão.
Segundo a Folha apurou, o negócio já está acertado, mas representantes das empresas ainda discutem detalhes do contrato. Se tudo correr bem, a venda será anunciada até o fim do mês.
Com a aquisição, o Wal-Mart
passará a ter 293 lojas no Brasil,
reforçando sua presença nos Estados de São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. No
início de 2004, a rede, então com
apenas 25 lojas, comprara as 118
lojas da cadeia nordestina Bompreço por US$ 300 milhões (R$
690 milhões).
Com a operação de 2004 o Wal-Mart conseguiu expandir a sua rede de lojas em 500% em apenas
uma tacada. Agora, a rede dobra a
cadeia com a aquisição do Sonae.
Além do crescimento por conta
das compras, a rede tem inaugurado novas lojas. Foram seis em
2004, todas nas regiões Sul e Sudeste. Os planos para 2005 incluíam a inauguração de outras
dez, também nas duas regiões.
Ranking
Com a aquisição das lojas do Sonae, o Wal-Mart, que ocupa hoje
o terceiro lugar no ranking do setor no Brasil, encosta no segundo
colocado, a rede francesa Carrefour, que faturou, em 2004, R$
12,1 bilhões. A CBD (Companhia
Brasileira de Distribuição), dona
do Pão de Açúcar, continua na liderança -em 2004, ela faturou
R$ 15,4 bilhões. No ano passado, o
faturamento do Wal-Mart chegou a R$ 6 bilhões, e o do Sonae, a
R$ 4,3 bilhões.
O movimento da rede norte-americana aumenta a concentração do setor, tendência que já vinha sendo delineada desde o ano
passado, quando mudaram de
mãos o próprio Bompreço, abocanhado pelo Wal-Mart, e o Sendas, pelo Pão de Açúcar.
A medida de concentração
usual -a participação das cinco
maiores empresas no faturamento total- não sobe muito, já que a
mudança ocorre justamente com
duas redes que estão entre os cinco primeiros. Para se ter uma
idéia, no ano passado, os cinco
maiores (CBD, Carrefour, Wal-Mart, Sonae e Cia Zaffari) ficaram
com 40% do mercado. Se Wal-Mart e Sonae fossem considerados apenas uma empresa, o indicador subiria apenas 1,1 ponto
percentual.
A concentração aumenta pouco, para o caso deste indicador,
por conta da distância abismal
que separa os líderes dos demais.
Enquanto os três maiores passam
a ter faturamento contado na casa
de dezena de bilhões de dólares, a
Companhia Zaffari fatura pouco
mais de R$ 1,2 bilhão. Claro, considerados apenas os três líderes, a
concentração subirá de forma
mais acentuada, com CBD, Carrefour e Wal-Mart abocanhando
38,8% do mercado, cifra que era
de 34,4% antes de a rede norte-americana negociar a aquisição
das lojas do Sonae no país.
As empresas disputam um mercado que, no ano passado, correspondeu a 5,5% do PIB (Produto
Interno Bruto) brasileiro.
Em 2004, o faturamento global
do setor foi de R$ 97,7 bilhões. No
período, as vendas subiram 2,6%
em termos reais, dado o relativo
bom desempenho da economia
brasileira.
Levantamento da Abras (Associação Brasileira de Supermercado), que divulga todos os anos o
ranking e o desempenho do setor,
mostra que, em 2004, as empresas
realizaram investimentos que totalizaram R$ 1,2 bilhão. Valor inferior ao R$ 1,5 bilhão de 2003,
mas que foi subindo no decorrer
do ano, com a melhora das condições macroeconômicas. A Abras,
por exemplo, estimava, no final
de 2003, que os investimentos seriam de R$ 990 milhões.
Parte importante das inversões,
revela o levantamento da associação, concentrou-se em reformas
(39% do total investido) e em investimentos em automação das
redes (cerca de 8% do total).
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