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Governo diz que decisão foi tomada e cita soberania
DA SUCURSAL DO RIO
Está avançada, no âmbito do
governo, a discussão para a
criação da rede pública de banda larga. Nos últimos dois meses, o presidente Lula coordenou três reuniões com os ministérios envolvidos: o das Comunicações, o da Ciência e Tecnologia, Planejamento e o da Casa Civil.
O ministro Sérgio Rezende,
da Ciência e Tecnologia, disse à
Folha, por telefone, que o presidente quer iniciar a implantação da rede pública ainda em
2008.
As primeiras escolas, segundo Rezende, serão conectadas à
internet em banda larga pelas
teles e, progressivamente, será
implantada a rede pública.
De acordo com ele, a criação
da rede pública de banda larga,
paralela à rede privada, já é decisão tomada no governo.
Questionado sobre o valor do
investimento necessário, disse
que será menor do que o Estado
investiu em fibras óticas que
estão ociosas. ""O mais caro é o
que está parado", acrescentou o
ministro.
Soberania
Ele admitiu que há, no governo, o receio de que o Estado fique unicamente na dependência de companhias telefônicas
privadas. ""O governo tem a
preocupação de que seu sistema de segurança esteja em
mãos de empresas que, por alguma razão, possam tomar medidas contra ele", resumiu.
Rezende disse que, das 140
mil escolas públicas existentes,
10 mil têm acesso à banda larga
por iniciativa de prefeituras e
de entidades diversas.
Rezende afirmou ainda que
que o Ministério da Educação
já implantou laboratórios de
informática nas escolas de nível médio e que é urgente conectá-las à banda larga.
Migração
O ministro admitiu que outros órgãos da administração
pública poderão migrar para a
rede pública, deixando de usar
os serviços privados.
""O próprio MCT tem a Rede
Nacional de Pesquisa, que interliga as capitais, por meio da
Embratel. Nós pagamos uma
boa quantia anual pelo serviço.
Se o governo tiver uma rede
própria, passaremos a usá-la",
afirmou.
Segundo Rezende, o setor
público federal é grande cliente
das teles, e elas temem perder
receita com a implantação da
rede pública. "É por isso que
elas começam a tornar os preços mais atrativos. Os preços
dos serviços de telecomunicações no Brasil estão entre os
mais altos do mundo", afirmou
Rezende.
O cronograma de construção
da rede pública, de acordo com
Rezende, depende da decisão
judicial sobre a Eletronet e da
definição sobre o operador da
rede. ""O Hélio Costa [ministro
das Comunicações] falou em
usar a Telebrás, mas não está
decidido, porque ela tem um
passivo trabalhista muito grande. O governo vai avaliar se é
melhor usar a Telebrás ou criar
uma nova empresa", declarou.
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