|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com a Nossa Caixa, BB será líder em SP
Banco federal passará Itaú-Unibanco em número de agências no Estado mais rico do país após aquisição de R$ 5,4 bi
Negócio eleva ainda mais concentração bancária no país, mas não muda ranking; agências em pequenas cidades podem se fundir
Rafael Hupsel/Folha Imagem
|
|
O governador José Serra (esq.) e seu secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, anunciam venda da Nossa Caixa em São Paulo
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Seis meses após o anúncio
oficial do início das negociações, o Banco do Brasil selou
ontem a compra do controle do
banco estatal paulista Nossa
Caixa por R$ 5,386 bilhões. O
pagamento será em 18 parcelas
de R$ 299,25 milhões, corrigidas pela taxa básica Selic, a partir de março de 2009.
O negócio marca a entrada,
de fato, do BB na atual corrida
de consolidação do sistema financeiro nacional, que se acirrou no final do ano passado
com a compra do Banco Real
pelo Santander e agora com a
fusão entre Itaú e Unibanco.
Para fechar o negócio, os governos federal petista e estadual tucano passaram por cima
de possíveis rivalidades políticas e se juntaram contra os interesses dos maiores bancos
privados, que foram a público
pedir um leilão de privatização,
como acontecia nos anos 1990.
Com a Nossa Caixa, o BB alcança a liderança em número
de agências no Estado de São
Paulo, a mais importante praça
do país e onde até 2007 ocupava um modesto quarto lugar.
Juntos, BB e Nossa Caixa somarão 1.324 agências -posição
superior aos 1.240 postos de
atendimento de Itaú e Unibanco e de 1.204 de Santander e
Real. O Bradesco, que tem 1.168
agência e ocupava a liderança
no Estado antes da fusão Santander/Real, cai agora para o
quarto lugar.
O presidente do BB, Antonio
Francisco de Lima Neto, afirmou ontem que sem a Nossa
Caixa o banco estaria agora em
uma posição desvantajosa para
competir no varejo bancário,
após as uniões de Santander e
Real e Itaú e Unibanco. "O negócio teve uma lógica desde o
princípio. A gente ia ter de correr atrás se não tivesse agora a
Nossa Caixa", disse.
Já o governador José Serra
afirmou que quer usar o dinheiro para financiar investimentos de micro e pequenos empresários: "Nunca achei que governo estadual devesse ter um
banco comercial, embora respeite quem tem".
Com a Nossa Caixa, o BB soma R$ 512 bilhões em ativos,
mas ainda não consegue recuperar a liderança perdida para
Itaú-Unibanco, que juntos somam R$ 575 bilhões em ativos.
Em depósitos, porém, o BB
segue na liderança com R$
158,6 bilhões, sendo R$ 48,6 bilhões -R$ 15,8 bilhões vindos
da Nossa Caixa- provenientes
de contenciosos judiciais, uma
captação considerada barata e
que interessava a todos os bancos. Além de não ter direito a
receber os depósitos judiciais,
Itaú-Unibanco somam só R$
60,5 bilhões em depósitos.
A carteira de crédito de BB-Nossa Caixa, de R$ 213,7 bilhões, segue atrás da do Itaú-Unibanco, de R$ 225,3 bilhões.
Por conta da alta complementaridade geográfica, o BB
minimizou a necessidade de
demissões e afirmou que não
terá necessidade de fechar mais
do que 30 agências no Estado,
todas em localidades pequenas
em que não se justifica a necessidade de dois postos. A Nossa
Caixa emprega 14,3 mil funcionários e o BB, 88,7 mil.
Mudanças
A previsão é que a incorporação da Nossa Caixa comece em
março, após a aprovação dos
órgãos reguladores e respectivos acionistas, incluindo a Assembléia Legislativa paulista.
A partir daí, a expectativa é
que a incorporação demore só
um ano, sendo que a marca
Nossa Caixa deverá deixar de
existir no final desse processo.
No total, o BB deverá desembolsar R$ 7,56 bilhões com a
oferta integral aos acionistas
minoritários do prêmio de controle de 37,68% sobre o valor
das ações da Nossa Caixa, que
fecharam anteontem em R$
51,30. Só neste ano, as ações subiram 125% com a expectativa
do negócio, um dos poucos na
história do mercado acionário
que respeitou o direito integral
dos minoritários de receber o
prêmio dado ao controlador.
O valor foi considerado elevado por analistas porque os últimos negócios envolvendo
bancos saiu em cerca de duas
vezes o valor patrimonial, contra 2,37 do anunciado hoje.
Para justificar o alto valor
que será pago ao governo Serra,
Lima Neto afirmou que o BB
espera ganhar em sinergias entre R$ 2 bilhões e R$ 5 bilhões
nos próximos cinco anos.
O banco deverá ainda ativar
um beneficio fiscal de R$ 1,8 bilhão, relativo ao ágio pago pela
aquisição -no país, o ágio conta com isenção fiscal. O valor do
benefício fiscal decorrente da
operação ficou ainda bastante
atrás do que será ativado pelo
Itaú na fusão com o Unibanco,
estimado em R$ 7,9 bilhões.
Segundo Aldo Mendes, vice-presidente financeiro do BB, só
um terço dos ganhos de sinergia virão de corte de custos. Os
outros dois terços decorrem da
estimativa de receitas adicionais, a partir da venda cruzada
de produtos, afirmou.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Frases Índice
|